quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Todo Sentimento

http://br.youtube.com/watch?v=FTLFj94gO1g

Composição: Chico Buarque e C. Bastos

Preciso não dormir
Até se consumar
O tempo da gente
Preciso conduzir
Um tempo de te amar
Te amando devagar e urgentemente
Pretendo descobrir
No último momento
Um tempo que refaz o que desfez
Que recolhe todo sentimento
E bota no corpo uma outra vez
Prometo te querer
Até o amor cair
Doente, doente
Prefiro então partir
A tempo de poder
A gente se desvencilhar da gente
Depois de te perder
Te encontro com certeza
Talvez num tempo da delicadeza
Onde não diremos nada
Nada aconteceu
Apenas seguirei
Como encantado ao lado teu...

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Em busca do tempo perdido

Mais uma vez citarei um de meus autores favoritos. José Saramago fez, ao meu ver, uma das melhores definições sobre o tempo. Em uma das passagens do livro "O Evangelho segundo Jesus Cristo", Saramago escreveu:

"O tempo não é uma corda que se possa medir nó a nó. O tempo é uma superfície oblíqua e ondulante que só a memória é capaz de fazer mover e aproximar."

A memória é prodigiosa neste quesito. Por um lado afasta as recordações impertinentes. Apaga o passado inóspito. Por outro lado, é capaz de aproximar as doces recordações. Materializar algumas sensações através de um cheiro, um sabor, uma foto antiga ou uma música.

Ainda não li o clássico "Em busca do tempo perdido", de Marcel Proust. Faz parte da lista de livros atrasados, dos quais pretendo dar conta até o fim da minha existência. Mas o ofício de jornalista também nos agracia com belos momentos. Ao fim de uma entrevista feita com o também adorado escritor Fernando Sabino, na casa dele, em 1990, Sabino me contou diversas passagens contidas nos sete volumes do romance.

Entre as histórias narradas ficou em minha mente as descrições das sensações trazidas justamente pelos aromas e sabores, impregnados em nossa memória afetiva ao longo da vida. Os sons também, parece, foram lembrados por Proust na viagem da mente em busca das mais doces recordações.

"O tempo passa, tudo passa, e no peito o amor permanece", acabou de cantar Roberto Carlos, no especial de Natal da TV, ligada ao fundo.

Vivo, no momento, um mix de sensações estranhas. Tudo por causa do resgate de uma pessoa querida, perdida no tempo. Descobri que sempre o carreguei em meu coração. E, em quase 20 anos de afastamento, descobria, nas pequenas coisas, o quanto ainda o trazia como referência. Questionadora que sou, é claro que me pergunto se minha vida foi assim tão pobre durante estes anos, a ponto de ter reminiscências com alguém tão afastado de mim.

Não, minha vida é rica em experiências. Tenho ao meu entorno amigos de longa data e amigos novos. Minha família é exemplar. Vivi amores intensos. Viajei para os lugares mais sonhados. Realizei outros muitos sonhos. Aproveitei os momentos de prosperidade para desfrutar e os de escassez para aprender. Trabalho com o que gosto, na profissão escolhida. Tenho o básico para viver e o essencial para continuar em busca das aspirações mais sofisticadas.

Porque a saudade e as lembranças de alguém, conseguem, então, ser tão fortes?

Não há explicação. Objetiva ao menos. Há pessoas especiais que passam por nossas vidas e deixam suas marcas. Quando, por ventura, o reencontro nos acena com a possibilidade de que estas mesmas pessoas não mudaram na essência e , pelo contrário, continuam ainda mais especiais com a maturidade, aí não tem jeito. É correr para o abraço.

Confesso estar entregue a sensações proustianas no momento.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Para não dizer que eu não falei do Natal

Adoro rituais. Acredito piamente nas convenções sociais como forma de nos fazer perceber que somos parte do mundo. Ao meu ver, alguns protocolos nos fazem sentir mais humanos e integrados, numa espécie de conceito tribal. Por isso sempre gostei de Natal. Dos pedidos feitos ao Papai Noel quando se é criança, até as reuniões com toda a família – oportunidade para ver os primos e tios pelo menos uma vez no ano – passando pela inevitável degustação das mais calóricas iguarias, tudo, absolutamente tudo sempre foi uma curtição para mim.

Existe, porém, uma parte deste ritual da qual tenho verdadeira aversão. Trata-se da febre consumista e da obrigação de decorar a casa com motivos natalinos que nada lembram nosso clima tropical. Este ano, não sei bem explicar o porquê, estive um pouco mais ligada nestas questões. Talvez pela maré de pouca grana que eu e alguns amigos próximos estejam enfrentando, talvez pela falta de tempo em função do excesso de trabalho no último semestre do ano, enfim, me deparei com diversos questionamentos a respeito do sentido de algumas convenções típicas da época.

O curioso é que o inconsciente coletivo é implacável. Basta prestar atenção e a gente percebe não estar sozinho na empreitada. Um amigo português, que vive em Londres, criou um blog chamado Natal,Esse Dia 25 só para debater o sentido do Natal na vida das pessoas. Já uma outra amiga blogueira, responsável pelo belo e inteligente De Olho no Reino Unido, me abriu os olhos para a importância de decorações natalinas exageradas nos países de clima frio, onde o Natal cai em uma época cujos termômetros já registram temperaturas abaixo de zero e a luz do dia vai embora no início da tarde. Nesses lugares é até necessário o carnaval de cores e luzes. Tudo para causar uma sensação de alegria em meio a um clima soturno.

Hoje também apareceu no programa de TV Manhattan Conection uma alusão ao documentário "O que Jesus compraria". Trata-se de um filme americano, ao meu ver de gosto duvidoso, mas que de quaquer forma manda goela abaixo um reflexão sobre a essência da data, muitas vezes esquecida nos xingamentos das filas do estacionamento dos shoppings.

Diante de tanto estímulo à reflexão, não resisti a algumas elucubrações: 1) O Rio de Janeiro é exuberante por natureza. As decorações simulando neve, com bonecos de cachecol e afins são uma grande papagaida e não combinam com a cidade. 2) Há maneiras de presentear bem, sem precisar ir ao shopping. As lojas de rua, os artesanatos da Feira Hippie de Ipanema, os bazares com peças feitas manualmente, ou os produtos daquela amiga que costura, ou mesmo aquele bolo de cenoura que você sabe fazer tão bem, costumam ser sucesso garantido e não expõem ninguém às filas e estresse dos shoppings – nem tão pouco pesam no orçamento. 3) Árvores de Natal de material reciclável, com motivos nacionais, costumam ser lindas. Viva a criatividade nativa! 4) Doce de banana no lugar da torta de nozes e peixe no lugar do pernil caem muito bem para nosso clima tropical. Na minha família já virou tradição. 5) As crianças acreditam em papai Noel pela simples imaginação. Poupemos os pobres seres-humanos de suarem dentro de uma fantasia pesada, neste calor de 40 graus.


Não tenho a pretensão de definir o conceito mais adequado para o Natal. Apenas acredito na liberdade de criarmos novas tradições, sem deixar morrer a aura festiva e convencional imposta pela data.

No mais, é colocar o sapatinho na janela e esperar pela Noite Feliz com a qual todos sonhamos.

sábado, 22 de dezembro de 2007

Bella Notte


Outro dia falei sobre Walt Disney. Também lembrei de uma promoção feita na década de 90 pela rádio JB, na qual tínhamos que enviar nossa sugestão sobre qual era o beijo mais romântico do cinema. Era uma promoção para ganhar alguma coisa que já não lembro, relacionada com o Dia dos Namorados. Não participei, mas lembro-me que pensei em enviar a cena do macarrão de "A dama e o vagabundo", desenho animado dos estúdios Disney, um verdadeiro clássico.
Toda mulher um dia já sonhou com um vira-latas romântico em uma bela noite.
Deliciem-se com o vídeo, capaz de amolecer os corações mais rígidos.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Curto Muito

Cabelos

Toda mulher, brasileira ao menos, tem uma relação toda especial com cabelos.

Em geral, passamos boa parte de nossas vidas apegadas a ele. Cabelo, inclusive, costuma ser um belo "indicador emocional". Quando terminamos um relacionamento, mudamos de emprego, de bairro, ou mesmo quando queremos mudar, corremos para o salão na intenção de dar uma virada – começando pela estrutura capilar.

Há aquelas que não mudam o penteado nunca. Há as que andam sempre com os cabelos longos. Aqui no Brasil não há muitas que gostem dos curtos. Estranhamente, neste território tropical ao sul do equador, temos por hábito cultivar as longas madeixas.

Outra peculiaridade: quando não temos tempo ou grana para penteá-lo, pintar as raízes, ou fazer a tal da escova progressiva, costumamos prendê-lo com as indefectíveis "piranhas" - um prendedor de cabelo dentado, ideal para segurar os fios rebeldes.

Recentemente , no programa Saia Justa, que passa no Canal de TV a cabo GNT, a Beth Lago disse que era muito fácil reconhecer uma brasileira no exterior: bastava olhar para os cabelos. Geralmente muito longos, nem sempre bem cuidados e presos com uma piranha. Passei a observar e descobri que 80% das mulheres que perambulam pelas ruas do Rio de Janeiro adequam-se perfeitamente à descrição feita pela ex-modelo e elegantérrima Beth Lago.

O pior: olhei-me no espelho e vi ali um outro exemplar desta estranha espécie descabelada.

Não hesitei: cortei meus longos cabelos. Tornei-me outra pessoa na aparência. Causei impacto. Muito positivo em uns, nem tanto em outros.

Não é a primeira vez que uso a nuca à mostra. Nunca fui muito apegada a cabelo. Por sorte os meus crescem bem rápido.

Renovei as fotos para vocês terem uma idéia.

Eu curto muito cabelos curtos.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Campo de Santana II

Essa é para quem gosta de bichos.

A chuva no Rio passou. Um sol de verão, acompanhado de um calor senegalês, apareceu com vontade de ficar. Ontem fazia 30 graus já às 8 horas da manhã, quando na verdade eram 7 horas, já que estamos em horário de verão.

Mais um dia de trabalho. O ônibus onde estou pára em frente ao Campo de Santana, como usualmente faz. Avisto um gato, daqueles bem gordos e peludos, a apalpar com as patas uma página de jornal perdida na grama do parque. Ao lado do gato, uma cotia. Os dois estavam embaixo de uma árvore, curtindo uma sombra.

Viajei naquele enredo. O gato deveria estar compartilhando com a cotia alguma notícia que o tenha espantado. A cotia, por sua vez, fazia seus comentários a respeito. Como sou uma leitora compulsiva de jornal e vivo a lembrar de amigos queridos quando leio algumas notícias, tenho este hábito de compratilhar artigos, notícias e notas que saem na mídia. Estes amigos, por sua vez, fazem o mesmo. E assim vamos nos realimentando de informações neste mundo de velocidade máxima em termos de conhecimento.

Uma vez li que o genial Walt Disney inspirava-se na natureza para realizar seus desenhos animados. Observar a fauna e a flora ao seu redor era garantia de cenas maravilhosas, como a de dois cães latindo por baixo de um portão ao passar um transeunte distraído, em um dos filmes que infelizmente não lembro qual (talvez "A dama e o vagabundo" ou então "Aristogatas"). Só sei que o pobre cidadão morre de susto com os latidos. Depois que o assustado cidadão passa, os cães caem na gargalhada e comentam como se divertiram...

Fico pensando: quem nunca passou por um portão e recebeu como prêmio latidos ferozes de algum cão? Disney identificou, talvez, a essência dos bichos. Via que aqueles atos tinham uma humanidade ímpar. O único sentido para essa mania que cães têm de latir para alguém que sequer estão vendo só pode ser por pura diversão...

Não sou o Walt Disney, mas adoro observar os bichos. Para a conversa entre o gato e a cotia, eu só queria estar munida de uma câmara. Poderia registrar o momento pitoresco dos bichinhos do Campo de Santana.

Infelizmente meu celular é jurássico e não saio com a câmara digital na bolsa...tenho mesmo muito o que aprender com a Cora Rónai...

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Campo de Santana

...é o nome de um parque, no coração do Centro do Rio de Janeiro. Fica bem na Praça da República, cercado pelo Hospital Sousa Aguiar, pela casa do Marechal Deodoro da Fonseca e pela estação de trem principal da cidade, a Central do Brasil.

Trata-se de um belo parque e tinha tudo para ser o Kensington Garden carioca, pelas amplas alamedas cercadas de árvores, grama e ...bichos!! Isso mesmo. A principal característica do Campo de Santana é ser um viveiro de cotias, patos, gatos.

Tenho uma relação afetiva muito forte com o Campo de Santana. Quando era criança, as manhãs de sábado eram ali ou na Quinta da Boa Vista. Meu pai colocava no carro eu, minha irmã e irmão mais velhos – e sempre mais um amiguinho ou amiguinha – e rumava em direção ao "Parque das Cotias", como eu carinhosamente o chamava. Ao chegar lá, meu pai sentava em um banquinho, abria o jornal e dizia "Andem, peguem uma cotia pra mim. Só vou embora quando um de vocês conseguir pegar uma cotia". Pronto. Era a deixa para sairmos enlouquecidos atrás dos roedores, uma mistura de esquilo com capivara, que nos davam uma canseira danada e , óbvio, não conseguíamos alcançar.

De vez em quando, meu pai, gaiato que é, ainda dava uns incentivos nos chamando para mostrar as cotias "Olhem essa aqui, essa tá mais fácil de pegar". Corríamos na direção do bicho que, antes sequer de darmos o primeiro passo, ja derá no pé e se atocaiara em algum canto. Meu pai ria muito e voltada a ler o jornal. Quando já estávamos exaustos, depois de horas de tentativa e algumas pausas para um suco ou um picolé, chegávamos até meu pai e dizíamos , derrotados, que não tínhamos conseguido. Ele nos consolava e dizia "Tá bom, vamos embora. Outro dia vocês conseguem".

Hoje entendo com clareza que aquelas idas ao parque nada mais eram do que estratégia. Com três crianças dentro de um apartamento seria impossível minha mãe , que é professora, dar conta de seu trabalho e estudos, além das eventuais tarefas domésticas. Meu pai, jamais conseguiria ler o jornal do fim-de-semana sossegado em casa com três crianças cheias de energia e alguns eventuais coleguinhas.

Todos saíam satisfeitos. Meu pai, lia o jornal todo. Nós, crianças, nos esbaldávamos atrás dos bichos impossíveis, acreditando que um dia conseguiríamos pegar pelo menos um. Minha mãe nos recebia de volta feliz: com o único trabalho de nos dar banho, comida e depois curtir o restinho do sábado com três crianças com adrenalina zerada, na expectativa de , no máximo, uma historinha contada antes de dormir.

Outro ponto interessante é que meu pai, talvez instintivamente apenas, alimentou em nós a capacidade de sonhar e de acreditar que o sonho é possível.

Atualmente passo todos os dias em frente ao Campo de Santana no trajeto de casa para o trabalho. Sei de todas as mazelas do parque. Sei que lá virou ponto de prostituição e de roubos. Quase não vejo criança brincando lá dentro, exceto em visitas guiadas de algumas escolas. Mas o parque continua ali, com sua natureza exuberante no meio do caos urbano.

Ontem caía uma chuva torrencial no Rio. O trânsito lento me obrigou a parar durante mais de 10 minutos diante das grades do parque. Avistei um cotia que se abrigava da chuva quase dentro de um tronco de árvore, daqueles bem sulcados. Ela devia estar sentindo frio e só mexia o nariz e as orelhas. Tinha uma aprência tão frágil que logo pensei "Acho que essa eu conseguiria pegar"...depois me dei conta e ri. Até hoje ainda penso em pegar uma cotia?

Logo veio o estalo: na verdade, a cotia nada mais é do que o símbolo da perseverança. Lembrei-me de quanto é delicioso tentar realizar algo tão desejado.

Tão doce é a sensação de seguir acreditando que vai dar para pegar a cotia.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Sem assunto

"Não te doas do meu silêncio.
Estou cansado de todas as palavras.
Não sabes que te amo?
Pousa a mão na minha testa,
Captarás numa palpitação inefável o sentido da única palvra essencial: amor"

Manuel Bendeira

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Galhofa

Em geral, depois que a mulher passa dos 35 anos, o melhor elogio que se pode receber é alguém se surpreender quando dizemos nossa idade. A frase"nossa, pensei que você tivesse no máximo 30" é ótima de escutar.

Confesso, orgulhosa, que tem acontecido com uma certa freqüência comigo. É ótimo, mas surpreendente.

Tenho uma compleição física grande. Quando tinha 12 anos meu corpo já era de uma mulher, o que me facilitou a vida para entrar em sessões de cinema, impróprias para a minha idade, na época da ditadura...também sempre acharam que eu fosse mais velha que minha irmã, com 2 anos a mais que eu.Minha mãe sempre aparentou ter menos, mas ela é do tipo mignon.

Eu não. Grandona, exuberante, mulherão...é assim que costumo ser descrita. Na hora de aparentar menos idade, estas características, acredito eu, sempre jogaram contra.

Mas parece que o tempo e a nova geração, de mulheres acima de 1,70 na faixa dos 20 anos, têm me ajudado. De quaqluer forma, comecei a desvendar o enigma sobre o porquê de somente agora, que já sou uma senhora, as pessoas me acharem mais nova do que sou, enquanto, quando era adolescente, me achavam mais velha.

O mistério começou a ser desvendo recentemente, quando ouvi de um colega de trabalho o seguinte: "Ah, você parece mais nova sim. É porque está sempre sorrindo e de bom-humor".

Bingo: as pessoas agora não acreditam que esse ser humano que adora uma bobeira e não perde o lado lúdico da vida possa ter mais de 35 anos. Na verdade não é minha aparência, e sim a idade mental que aparenta menos idade...galhofa!!

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Rebelião contra o mau atendimento

"É dessa massa que nós somos feitos: metade indiferença, metade ruindade". A frase é de um dos personagens do livro "Ensaio sobre a cegueira", do escritor português José Saramago, prêmio Nobel de literatura e um dos meus autores preferidos.

Acabei de tentar resolver um problema com a operadora do meu celular, a TIM.

Impossível.

Era a quarta ligação do dia, depois de três tentativas frustradas, nas quais três diferentes atendentes desligaram sem se despedir. Não sem antes, claro, me pedirem o tradicional "um momento que vou olhar meu sistema" e me deixarem pendurada mais de 10 minutos. A última pessoa que me atendeu pelo menos teve a ombridade de justificar a inoperência do tal sistema e pediu para eu ligar novamente em 1 hora. Detalhe: já passava da meia-noite.

A frase da autoria do Saramago veio-me imediatamente. Se não da massa de indiferença e maldade, do que os Call Centers são feitos? Quando dizemos aos ooperadores sádicos do outro lado da linha que eles parecem robôs, quanto engano estamos cometendo! Humanos. Demasiadamente humanos são os funcionários dos serviços de atendimentos telefônico e seus gestores, que optaram por reduzir o custo, pagando salários injustos, favorecendo a rotatividade e a mão de obra desqualificada.

Existe solução para isso? Eu vislumbro o dia em que faremos não mais as inócuas passeatas pela paz, mas sim manifestações populares de massa contra o advento do call center, especialmente os de companhias de telefonia. Somente no dia que nos rebelarmos contra a inoperância da relação empresa-cliente via call center poderemos ser uma nação.

Está tudo errado. O tempo de espera, a linguagem usada, as informações díspares, a falta de conhecimento sobre o assunto, a total ausência de quem tenha alçada para resolver os problemas, enfim. Os serviços de atendimento a clientes no Brasil são, a meu ver, a pior instituição a qual um cidadão precisa recorrer. Nem o INSS, com suas filas e corrupção, é tão ruim, pelo simples fato de que , do INSS, não se espera nada de bom mesmo.

Já de empresas que oferecem o supra-sumo da tecnologia, coisas como aparelhos de celular acionados por voz e sistema GPS, como esperar o tratamento de idiota que os operadores nos concedem?

Ainda faço uma matéria sobre isso...Bem, meu problema não foi resolvido e este blog nem tem repercussão...pena que eu não sou a Cora Rónai...(tentei achar o link de uma recente crônica da jornalista sobre suas agruras com o call center da Oi. Ficarei devendo...)

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Analogia

Dois acontecimentos chamaram a atenção na semana anterior: a inclusão do Brasil como o 70° país em Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e o rebaixamento do Corinthians à segunda divisão do campeonato brasileiro de futebol.

No primeiro caso entramos na lista por uma questão de média. Enquanto há bolsões de pobreza, mortalidade infantil e analfabetismo em estados como o de Alagoas (terra de Renan Calheiros), o Brasil convive com expecttaiva d evida, escolaridade e renda per capta digna da Suíça em estados do Sul, Sudeste e Distrito Federal.

No futebol, o campeão brasileiro de 2007, o São Paulo, é exemplode administração profissional e séria do esporte que é paixão nacional. Em contrapartida, o Corínthians foi vítima justamente do oposto, da máfia da cartolagem, dos dirigentes que fazem contratos milionários apenas visando ao enriquecimento pessoal, sem compromisso com a torcida, com os atletas, com a ética ou com as leis.

O Brasil, na média, tem IDH de primeiro mundo. O futebol paulista, na média, é o melhor do Brasil.

Duas situações que ilustram bem a dicotomia da nação. Uma analogia perfeita dos contrastes entre o que dá certo e o que dá errado nesta terra.

A prova de que com intenções sérias e pessoas éticas à frente dos projetos, este país tem jeito.

domingo, 2 de dezembro de 2007

Um brinde aos tomates!

"O mal de quase todos nós é que preferimos ser arruinados pelo elogio a ser salvos pela crítica".
Norman Vincent (Norman Vincent Peale é um escritor americano, nasceu em 1898 e morreu em 1993, esreveu, entre outros, o livro "Mude seus pensamentos e você mudará o seu mundo.")

Só tenho a agradecer ao anônimo que comentou meu post anterior.
Embora tenha ficado claro questões pessoais mal resolvidas comigo, eu sabia, desde o começo, que escrever sobre um tema tão polêmico e ainda por cima "assumir" não sentir preconceito me tornaria alvo de críticas. Seria mais fácil eu dizer "É claro que também tenho meus preconceitos"...mas eu não sinto dessa forma e não me posicionarei assim apenas para me tornar agradável.

Obrigada, anônimo! E "desculpe o auê, eu não queria magoar você..."

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

"Precisamos falar sobre Kevin"...

...é o título de um livro, da escritora americana Lionel Shriver. A obra, de ficção, conta a história da mãe de um adolescente responsável pelo massacre de colegas em sua escola.

Ainda não li o livro. Gostei da resenha. Parece que a história desconstrói bastante o mito da maternidade. Gosto de quem derruba mitos.

No caso da maternidade, creio que as mães não podem reclamar. Os conceitos pré-concebidos a respeito da maternidade são todos, absolutamente todos, favoráveis aos estado quase celestial da condição de mãe. Quando todos, absolutamente todos nós, sabemos que ser mãe não é este mar de delícias e amor imaculado.

Precisamos falar sobre preconceitos. Dos bons e dos maus. Tanto dos que enaltecem – como no caso das mães – como dos que denigrem.

Tenho ouvido algumas coisas e ficado quieta. Tenho ouvido outras e me manifestado, mas aí crio celeuma e chateio amigos queridos. Tenho ouvido coisas que me incomodam, vindas de amigos queridos ou de gente com quem convivo, por questões de trabalho ou atividades diversas.

Este post ficará um pouco maior do que eu imaginava. Mas é preciso falar sobre isso. É preciso falar da colega de trabalho contando que a irmã, recém-chegada a Londres para morar, não gostou do curso de inglês no qual se matriculou porque “só tem homem-bomba”, referindo-se aos colegas de turma, provavelmente imigrantes, como ela, mas de proveniência árabe que querem o mesmo que os brasileiros brancos e bem-nascidos: uma vida melhor em um país mais justo.

É preciso falar sobre o comentário de outro colega sobre a recente reportagem no programa “Fantástico”, da TV Globo, no qual Regina Casé vai até a periferia de Paris mostrar imigrantes africanos, todos negros, que são endinheirados e gostam de ostentar. “Coisa de preto mesmo aquele sapato todo brilhoso”.

Precisamos falar do comentário de uma executiva, considerada excelente em gestão de pessoas, dentro de uma sala de reunião somente com diretores e gerentes, a respeito de uma funcionária, casada que se supunha viver um romance com outro funcionário, também casado. “É uma piranha. Pra mim mulher que sai com homem casado é piranha”.

Precisamos falar sobre o amigo querido que, ao contar uma história, refere-se a pessoa que acabara de conhecer descrevendo sua aparência. “Era preta, bem preta e tava vestida com um taiuller vermelho. Parecia uma bandeira do Flamengo ambulante”.

Precisamos falar de uma amiga assumindo para outra seu preconceitos, porque a segunda acha o boy da empresa um homem interessante.

Precisamos falar de quem acha que usar bota com vestido curto se veste como uma pistoleira.

Precisamos falar sobre quem acha que o seu namorado extravagante, que usa óculos escuros à noite, não poderá freqüentar a casa da amiga chique.

Precisamos falar sobre a mulher, executiva de uma empresa, que foi demitida de sem nenhum motivo objetivo. Mas ela vivera um romance com um funcionário, mais novo que ela nove anos, hierarquicamente inferior e ainda por cima, negro.

É preciso falar da mulher que se separa do “marido perfeito”, educado, estável financeiramente, trabalhador e bom caráter, mas que não fazia sexo com ela. É preciso falar que ela ouviu coisas do tipo “Ah, mas sexo se arranja. Hoje em dia todo mundo trai.Um homem como esse vai ser difícil encontrar para casar, viu?”

Precisamos falar sobre esta questão. Uma vez veiculou um comercial na TV que perguntava “Onde você esconde seu preconceito?”. Nunca tinha parado para pensar na consistência dessa pergunta. Todas as pessoas aqui citadas têm nível superior e sabem se comportar muito, mas muito bem mesmo. Não são pessoas mau-caráter, pelo contrário. Todas honestas, trabalhadoras, fazedoras do bem. Mas dentro, lá no fundinho de cada uma, existe um preconceito. Ele vem à tona em conversas informais, geralmente.

Sei o quanto este post pode parecer hipocrisia. Nem tenho intenção de me colocar em um estado de vida superior. Apenas preciso falar que não sinto desta forma. Para miim, maternidade é uma pedreira e tem muita coisa ruim nesse processo de criação de outro ser humano; para mim fazer um curso de inglês com um monte de árabes seria o máximo, uma boa oportunidade de conhecer gente de cultura tão distinta; para mim sapatos prateados e brilhosos ficam bem em qualquer pessoa, de qualquer cor, basta que tenham estilo, aliás nem precisa de estilo: basta que a pessoa ande com a indumentária que quiser, eu realmente não me incomodo com a vestimenta de ninguém; para mim mulher casada que sai com homem casado não é piranha, a não ser que ela cobre pelo “serviço”; para mim, em geral, pouco importa a cor da pessoa, quem me conhece e presta atenção sabe que eu costumo falar das atitudes das pessoas quando me refiro a alguém.

Por isso a colega de trabalho malcriada pode até ser feia, mas comento sobre sua aparência de maldade, depois de já tê-la conhecido o suficiente para não mais prejulgar. O chefe usar gravata exótica eu até acho bacana, quando comento o que não gosto geralmente são dobre suas atitudes. E por aí vai. O modo como a pessoa age, a postura diante da vida, a honestidade e o caráter contam muito para mim. A aparência ou a opção sexual ou a deficiência física vêm depois.

Antes que me execrem em praça pública: sim eu seguro a bolsa mais forte quando um monte de moleques pretos e descalços aproxima-se de mim nas ruas da cidade; sim eu fecho o vidro do carro quando vejo os limpadores de vidro ou os mesmos moleques pretos e com roupas esfarrapadas. Sim eu faço. Da mesma forma que abordo o camarada branco e bem nascido que tenta furar a fila do cinema e o chamo de sem-educação. Seriam minhas atitudes preconceituosas? Prejulguem!

Tive a boa sorte de ser criada em uma família na qual meus pais sempre receberam em casa os amigos gays, pretos, mais pobres que nós, mais ricos que nós, de olhos azuis, filhos do porteiro, filhos de industriais, deficientes fiscos, perfeitos, louros de olhos azuis, mulatos de olhos pretos, com cabelo pintado de azul, com piercing na língua ou tatuagem no pescoço. Budistas, cristãos e ubandistas. Usuários de drogas, liberais e conservadores. Quem votava no PT ou no PRN. Quem fazia aborto e depois ía à igreja se confessar.

Fui ensinada a tratar bem todo mundo e sempre dar uma chance antes de prejulgar. Fui ensinada a compreender que não tenho nada a ver com a vida particular de ninguém. Fui ensinada a achar interessante quem foge dos padrões. Fui ensinada a ser aberta ao mundo. Aprendi muito e desaprendi um bocado também.

Tem um preço ser assim. Tentar não ser hipócrita, tentar tratar bem quem todo mundo odeia, tentar tratar de forma justa quem todo mundo baba o ovo. Tentar o tempo todo. Mas é preciso sentir, e não apenas se comprtar como alguém deprovido de preconceito. Eu, confesso e é difícil confessar porque sei que vão me jogar ovos: não sinto preconceito. O verbo é esse mesmo "sentir". Eu realmente não sinto que a pessoa é piranha porque tem amante ou que é brega porque usa roupas exóticas, que eu não usaria. Não me uso como referência o tempo todo. Talvez esse seja o segredo, não sei...

No meu entendimento o preconceito do mundo só vai acabar quando mudarmos a forma de sentir.

No meu entendimento, é uma questão de hábito, de exercício diário mesmo.

Precisamos mudar nossos conceitos pré-concebidos.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Prêmio Embratel,ou, A César o que é de César

Acabo de chegar da cerimônia de entrega do Prêmio Imprensa Embratel , realizada no Canecão, tradicional casa de shows da cidade do Rio de Janeiro. O prêmio Embratel é hoje, junto com o Prêmio Esso, o mais importante prêmio jornalístico do país, uma espécie de Oscar para os jornalistas brasileiros.

Concorrem ao prêmio milhares de reportagens publicadas ao longo de uma ano, que são selecionadas por uma banca formada por especialistas com a missão de definir os finalistas. Na noite da premiação, é anunciado o ganhador. Assim como o Oscar para o cinema, as matérias podem concorrer a uma série de categorias. Mas o prêmio mais almejado é o de melhor reportagem do ano. Todas as matérias que concorrem nas diversas categorias são finalistas para o prêmio máximo.

O ganhador de 2007 foi "Adulteração de Combustível", uma matéria investigativa feita para o Jornal Nacional por César Tralli, Robson Cerântula e William Santos. Merecido. A série de reportagens mostrou o comércio ilegal de combustóiveis no país e os riscos corridos por quem abastece seu automóvel no Brasil.

A festa estava ótima, apresentada pelo excelente Ronaldo Rosas e pela Renata Vasconcellos, visivelmente contida em sua estréia como mediadora de um evento deste porte. Comida e bebida à vontade e fechamento com show do conjunto de samba Casuarina. O encontro com amigos e coleguinhas de outros veículos também valeu o ingresso.

Em determinado momento meu pensamento ficou um pouco alheio à festa e pensei em como é impressinante a quantidade de reportagens-denúncia concorrendo ao prêmio. Um dos jornalistas ganhadores, quando subiu ao palco para agradecer disse "O Brasil é uma bagunça". As matérias provam isso. Há desde máfia de funerárias que emitem atestados de óbito falsos até desmatamento indiscriminado, com contrabando de madeira para a China, na Amazônia, passando pela agressão de professores por alunos dentro das salas de aula da rede pública nacional.

Os jornalistas que se propõem a fazer este tipo de matéria-denúncia ainda por cima correm risco de vida e podem acabar da mesma forma que o saudoso Tim Lopes. A sociedade, embora reconheça essas reportagens como algo de valor, por vezes confunde a imprensa com o solucionador do problema e se volta contra quando os problemas tornam-se recorrentes. Do lado de cá, ainda existe a questão de ser limitado o número de veículos de fato dispostos a bancar uma matéria que pode colocar em risco a relação de poder com empresas, políticos ou interesses diversos.

Minhas reflexões foram longe...busquei o máximo tirar uma conclusão sobre o papel da imprensa, mas aí pensei em como é gratificante quando o reconhecimento pelo trabalho arriscado e mal remunerado chega em forma de prêmio.

Parabéns aos ganhadores, especialmente ao César Tralli - agora vou tietar: Sempre gostei muito dele, além de inteligente e excelente profissional, o homem é lindo, gente! Pude confirmar isso ontem, vendo-o tão de perto...

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Farofa

A dimensão do mundo e suas possíbilidades são tamanhas que me angustiam , às vezes. Por isso adoro referências. Sou plenamente consciente da total impossibilidade de conhecermos tudo o que há no universo por conta própria. Por isso sou um ser humano aberto, adoro ouvir opiniões, dicas, ser apresentada a desconhecidos, enfim...todo este preâmbulo é para tentar justificar a minha pretensão em apresentar o site do jornalista americano Seth Kugel . Fui "apresentada" a ele na noite de domingo, enquanto assistia ao meu programa de TV dominical preferido, o Manhattan Conection, do canal de TV a cabo GNT.

O cara é um barato. Jornalista freelance, escreve para várias publicações importantes, incluindo o The New York Times, adora o Brasil, fala português muito bem para quem foi criado no Bronx e tem um bom humor sensacional. Tanto que o site dele pode ser acessado também pelo endereço "aportuguesado": http://www.sitedo7.com/ Ele fez uma brincadeira com a pronúncia do nome dele aqui no Brasil, Seth virou "SETE", ou melhor: "SÉTI".

Bem, perguntaram ao Seth Kugel, ontem no programa, os motivos pelos quais ele gosta tanto do Brasil. "Em primeiro lugar, por causa da farofa. Quem inventou a farofa deveria ganhar um prêmio Nobel de culinária", respondeu o americano gente boa.

Ponto para ele.

Adoro farofa, todos meus amigos estrangeiros sempre ficam loucos quando provam a farofa e os amigos brasileiros que moram fora costumam pedir farinha de mandioca como souvenir. E eu nunca tinha parado para pensar na farofa...

Todo meu sentimento de nacionalidade, um tanto maculado pela falta de civismo nos três poderes, pode ser resgatado por causa da farofa.

sábado, 24 de novembro de 2007

Sessão Amenidades

Dando continuidade ao projeto "temas leves para o fim-de-semana", vejam que legal o link enviado por um amigo querido. http://www.tropicalglen.com/
Lá é possível escutar as 100 músicas mais tocadas em qualquer ano de seu interesse.
Um barato.
As "Top Ten" de 1970, ano de meu nascimento, estão na lista abaixo...só há músicas internacionais no ranking.
Bem que algum internauta aficcionado por música poderia fazer um site também com os hits nacionais, não é? Ou já existe e eu não sei?

1. Bridge Over Troubled Water, Simon and Garfunkel
2. (They Long To Be) Close To You, Carpenters
3. American Woman, The Guess Who
4. Raindrops Keep Fallin' On My Head, B.J. Thomas
5. War, Edwin Starr
6. Ain't No Mountain High Enough, Diana Ross
7. I'll Be There, Jackson 5
8. Get Ready, Rare Earth
9. Let It Be, The Beatles
10. Band Of Gold, Freda Payne

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Quero comer figo...


Andei muito cáustica nas últimas postagens.

Hoje é sexta-feira.

Pensei em falar sobre o absurdo da prisão da menina de 15 anos em uma cela com 20 homens no Pará.

Pensei em falar do mau desempenho da Seleção brasileira, que arrancou uma vitória sobre o Uruguai quase por obra divina.

Pensei, pensei, pensei...não quero falar sobre coisa ruim hoje.

A foto é do homem que eu considero o mais lindo do mundo. Reúne, ao meu ver, todas as principais qualidades típicas para o macho dominante, para o ideal de homem, daqueles que exalam testosterona.

Luís Felipe Madeira Caeiro Figo. Craque do futebol português.

Dica às moças casadoiras: ninguém acredita em mim, mas ao andar pelas ruas de Lisboa a gente esbarra em um tipo como o Figo em cada esquina.
Portugal é lugar de boa comida e homem bonito. Ai que me vem!

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Diga-me com quem andas...

"Por 44 votos a favor e 17 contra, a Comissão de Constituição e Justiça da Cãmara aprovou ontem a adesão da Venezuela ao Mercosul." Esta é a primeira frase da matéria de Eliane Oliveira, publicada hoje no jornal "O Globo".

Justificativa dos aliados do Governo para apoiar a entrada: a Venezuela é maior do que o seu presidente e não pode ficar isolada na região.
Justificativa da oposição para não querer o país comandado por Hugo Chaves no bloco: o presidente da Venezuela é um ditador.

A decisão sobre a entrada da Venezuela no Mercosul ainda passará pelo plenário da Câmara e pelo Senado. Nada está definido. Mas alguma lição fica disso, talvez a maior delas seja a dificuldade de se fazer escolhas.

Não sei em o que os países membros pretendem transformar o Mercosul.
Sei que a Rússia, de Putin, não faz parte da Comunidade Européia.

Também sei que nunca dantes em minha vida imaginei estar algum dia mais ao lado do deputado ACM Neto do que do Chico Alencar.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Otimismo, uma patologia

Finalmente, a prometida postagem sobre o tema.
Li há semanas, nas páginas de ciência dos jornais, algo revelador. Cientistas descobriram que o cérebro humano é capaz de antecipar sensações de bem estar, as quais carecem de fundamento.
Trata-se da característica diferencial dos cérebros dos otimistas. Ou seja: os cientistas provaram que a maior parte dos otimistas são otimistas por natureza e sem nenhum motivo objetivo. Inclusive um dos médicos participante do estudo expôs sua perplexidade diante de pessoas cuja vida não tem nenhuma perspectiva concreta de alcançar mudanças significativas e edificantes, mas elas acreditam tanto nisso que seguem felizes.
Senti-me uma espécie digna de estudo.
O que isso tudo quer dizer? Que a vida é uma grande ilusão? A vida não faz sentido algum? Somos otimistas por instinto de sobrevivência, então? Não adianta ter fé?
Não encontrei as respostas. Apenas sei o quanto gosto de viver. Acredito na vida e tenho esperança, apesar de ter abraçado uma profissão que me obriga a deparar-me com a realidade diariamente, com todos seus revezes, com toda sua magia. Apesar de ter nascido em um país riquíssimo, mas que cultua valores de cidadania diferentes dos meus.
Amo a vida e mostro isso.
Sigo em frente, sempre motivada.
Acredito nas pessoas e na capacidade de cada um escolher o caminho do bem-estar coletivo.
Mas tudo isso é apenas por causa dos meus mecanismos neurais mais ativos, somente por causa deste meu cérebro mais irrigadinho...

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Salve, lindo pendão da esperança.

Hoje é dia da Bandeira.
Deve fazer apenas uns 10 anos desde que o nós brasileiros passamos a ter um pouco mais de orgulho de nossa flâmula verde, amarela, azul e branca. De uns tempos para cá, passamos a exibí-la com mais freqüência e não apenas durante os jogos da Seleção de futebol. Atualmente é possível ver broches, bolsas, cangas de praia, camisetas de marca e algumas outras indumentárias circulando com todo o tipo de gente, pelas ruas das cidades Brasil afora.
Sempre acreditei que cultuar o patriotismo era o primeiro passo para tirar o Brasil dessa espécie de "orgulho às avessas", como cunhou o célebre Nelson Rodrigues. A partir do momento que deixássemos de dar foco somente às mazelas, passaríamos mais rápido ao caminho que leva à ordem a ao progresso de uma nação. O meu otimismo – olha o otimismo aí de novo, continuo devendo a postagem sobre o tema – ululava ao passar em frente às vitrines do Gilson Martins e ver a profusão de bolsas e acessórios, todos sempre em alusão à pátria, ou mesmo ao ver os chinelinhos Havaianas, tão bonitinhos com as bendeirinhas brasileiras.
Mas aí, a realidade me puxa de volta. Há milhares de brasileiros privilegiados, usufruindo de mordomias absurdas em cargos públicos. Matéria espec8ial do jornal O Globo, que começou na edição de ontem. Não chega a ser corrupção, e para mim isso é o pior. São, digamos, "direitos" que alguns cargos de confiança do serviço público oferecem. Estes direitos, pagos com o dinheiro do contribuinte, vão desde enxoval da casa – com copos de cristal e fio de ouro – até auxílio moradia no valor de R$ 3 mil reais. Além de carros de luxo, blindados , é claro. O mais triste para mim foi ver que as estatísticas indicam que a mordomia de alastrou de 2002 até 2007, ou seja, o governo mais de esquerda, que se vendeu como o mais próximo do povo, foi o que mais abriu a guarda para este tipo de regalia constitucionalizada.
Acho isso uma tremenda bandeira do atual governo. Falta, ao me ver, patriotismo aos ocupantes destes cargos. Eles deveriam ser os primeiros a dar exemplo de austeridade.

Tento vencer a tristeza com o que há de bom por aqui. Despeço-me com alguns versos de Olavo Bilac, autor do Hino à Bandeira, junto com Francisco Braga.

"Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!"

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

"Um dia de chuva...

...é tão belo quanto um dia de sol.
Ambos existem; cada um como é"

Este é um trecho de "Poemas Inconjuntos", de Alberto Caeiro, um dos pseudônimos do poeta português Fernando Pessoa.

Aprendi a gostar de chuva ainda criança, quando minha mãe me explicava o sentido da natureza para aquelas gotas que caíam do céu, geralmente responsáveis por estragar os melhores programas do fim-de-semana.

Sou uma exceção no Rio: adoro dias chuvosos e confesso não entender bem a aversão do carioca à chuva. É claro que não me refiro a quem a essa hora está abrigado debaixo de um viaduto ou em um casebre pendurado em cima de um dos tantos morros da cidade, rezando para a encosta não deslizar. Falo do carioca médio, como eu, provavelmente como você, que sempre teve casa, cobertas, três refeições por dia e chuveiro com água quente. Por que tamanha repulsa aos dias chuvosos?

"O Rio de Janeiro não combina com chuva" já virou lugar-comum mas eu não acredito nesta afirmação, justamente porque me parece tirar um pouco da essência criativa da alma carioca.

As chuvas nessa época não vêm acompanhadas de muito frio. Colocar um sapato fechado, abrir um guarda-chuva colorrido e andar um pouquinho por aí pode ser uma experência bem agradável. Ficar em casa olhando a chuva cair da janela, visitar os amigos, namorar ou abrir aquela garrafa de vinho guardada há meses são pequenos luxos que alguns podem se dar. Fora abrir o velho livro do Pessoa para se inspirar e escrever essas bobagens...qualquer coisa pode ser melhor do que reclamar da chuva.

A exuberância e intensidade do sol carioca precisam ceder espaço a chuvas ocasionais. Aproveitemos para recarregar as baterias para o verão, já tão próximo.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Luiz Inácio falou...

... que não há exagero na desqualificação que Hugo Chaves, presidente da Venezuela, fez ao ex-primeiro ministro espanhol José Maria Aznar, na última reunião da cúpula hibero-americana. O rei Juan Carlos perdeu a linha, mas Luiz Inácio considera normal haver divergências, afirmando que o caso só ganhou repercussão porque foi o rei quem se manifestou. Luiz Inácio também avisou que não há falta de democracia na Venezuela. Chegou a comparar a articulação para o terceiro mandato de Hugo Chaves ao sistema parlamentarista britânico. Não houve exagero no discurso de Chaves. Não há falta de democracia na Venezuela. Bons tempos aqueles em que Luiz Inácio só falava que havia 300 picaretas com anel de doutor no Congresso Nacional.
Hoje a República faz 118 anos e eu só queria dizer uma única coisa ao representante máximo da república nacional: "?Porque no te calas"

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Pra começar...

"As pessoas são loucas e isso explica o mundo, Ana Paula. Todo dia me levanto, me olho no espelho e falo esta frase. Isso me faz feliz porque jmais me decepciono com ninguém. Apenas me surpreendo positivamente com quem age de forma normal", disse-me certa vez um grande amigo (que não cito o nome por não saber se ele quer ser revelado). Durante muitos anos esse foi o meu mantra: 'As pessoas são loucas e isso explica o mundo'. De fato acreditar nisso torna a vida mais fácil. Mas quem disse que eu quero facilidade? Como sou uma otimista incurável – sobre otimismo vale uma outra postagem, aguardem –resolvi mudar o mantra fatalista. Agora meu mantra é : o mundo é mágico. Inspirado em um livro que ganhei de presente do mesmo amigo do mantra inicial...'O Mundo é Mágico' está na capa do livro de quadrnhos 'O Mundo é Mágico: As Aventuras de Calvin & Haroldo', por Bill Waterson. Acrediar que o mundo é mágico também evita decepções...agora quando alguém pisa na bola feio comigo, a imagino logo a se metamorfosar e virar um monstro babão, no melhor estilo Calvin & Haroldo...tem dado certo...o problema é ter que controlar o riso de vez em quando...