quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Todo Sentimento

http://br.youtube.com/watch?v=FTLFj94gO1g

Composição: Chico Buarque e C. Bastos

Preciso não dormir
Até se consumar
O tempo da gente
Preciso conduzir
Um tempo de te amar
Te amando devagar e urgentemente
Pretendo descobrir
No último momento
Um tempo que refaz o que desfez
Que recolhe todo sentimento
E bota no corpo uma outra vez
Prometo te querer
Até o amor cair
Doente, doente
Prefiro então partir
A tempo de poder
A gente se desvencilhar da gente
Depois de te perder
Te encontro com certeza
Talvez num tempo da delicadeza
Onde não diremos nada
Nada aconteceu
Apenas seguirei
Como encantado ao lado teu...

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Em busca do tempo perdido

Mais uma vez citarei um de meus autores favoritos. José Saramago fez, ao meu ver, uma das melhores definições sobre o tempo. Em uma das passagens do livro "O Evangelho segundo Jesus Cristo", Saramago escreveu:

"O tempo não é uma corda que se possa medir nó a nó. O tempo é uma superfície oblíqua e ondulante que só a memória é capaz de fazer mover e aproximar."

A memória é prodigiosa neste quesito. Por um lado afasta as recordações impertinentes. Apaga o passado inóspito. Por outro lado, é capaz de aproximar as doces recordações. Materializar algumas sensações através de um cheiro, um sabor, uma foto antiga ou uma música.

Ainda não li o clássico "Em busca do tempo perdido", de Marcel Proust. Faz parte da lista de livros atrasados, dos quais pretendo dar conta até o fim da minha existência. Mas o ofício de jornalista também nos agracia com belos momentos. Ao fim de uma entrevista feita com o também adorado escritor Fernando Sabino, na casa dele, em 1990, Sabino me contou diversas passagens contidas nos sete volumes do romance.

Entre as histórias narradas ficou em minha mente as descrições das sensações trazidas justamente pelos aromas e sabores, impregnados em nossa memória afetiva ao longo da vida. Os sons também, parece, foram lembrados por Proust na viagem da mente em busca das mais doces recordações.

"O tempo passa, tudo passa, e no peito o amor permanece", acabou de cantar Roberto Carlos, no especial de Natal da TV, ligada ao fundo.

Vivo, no momento, um mix de sensações estranhas. Tudo por causa do resgate de uma pessoa querida, perdida no tempo. Descobri que sempre o carreguei em meu coração. E, em quase 20 anos de afastamento, descobria, nas pequenas coisas, o quanto ainda o trazia como referência. Questionadora que sou, é claro que me pergunto se minha vida foi assim tão pobre durante estes anos, a ponto de ter reminiscências com alguém tão afastado de mim.

Não, minha vida é rica em experiências. Tenho ao meu entorno amigos de longa data e amigos novos. Minha família é exemplar. Vivi amores intensos. Viajei para os lugares mais sonhados. Realizei outros muitos sonhos. Aproveitei os momentos de prosperidade para desfrutar e os de escassez para aprender. Trabalho com o que gosto, na profissão escolhida. Tenho o básico para viver e o essencial para continuar em busca das aspirações mais sofisticadas.

Porque a saudade e as lembranças de alguém, conseguem, então, ser tão fortes?

Não há explicação. Objetiva ao menos. Há pessoas especiais que passam por nossas vidas e deixam suas marcas. Quando, por ventura, o reencontro nos acena com a possibilidade de que estas mesmas pessoas não mudaram na essência e , pelo contrário, continuam ainda mais especiais com a maturidade, aí não tem jeito. É correr para o abraço.

Confesso estar entregue a sensações proustianas no momento.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Para não dizer que eu não falei do Natal

Adoro rituais. Acredito piamente nas convenções sociais como forma de nos fazer perceber que somos parte do mundo. Ao meu ver, alguns protocolos nos fazem sentir mais humanos e integrados, numa espécie de conceito tribal. Por isso sempre gostei de Natal. Dos pedidos feitos ao Papai Noel quando se é criança, até as reuniões com toda a família – oportunidade para ver os primos e tios pelo menos uma vez no ano – passando pela inevitável degustação das mais calóricas iguarias, tudo, absolutamente tudo sempre foi uma curtição para mim.

Existe, porém, uma parte deste ritual da qual tenho verdadeira aversão. Trata-se da febre consumista e da obrigação de decorar a casa com motivos natalinos que nada lembram nosso clima tropical. Este ano, não sei bem explicar o porquê, estive um pouco mais ligada nestas questões. Talvez pela maré de pouca grana que eu e alguns amigos próximos estejam enfrentando, talvez pela falta de tempo em função do excesso de trabalho no último semestre do ano, enfim, me deparei com diversos questionamentos a respeito do sentido de algumas convenções típicas da época.

O curioso é que o inconsciente coletivo é implacável. Basta prestar atenção e a gente percebe não estar sozinho na empreitada. Um amigo português, que vive em Londres, criou um blog chamado Natal,Esse Dia 25 só para debater o sentido do Natal na vida das pessoas. Já uma outra amiga blogueira, responsável pelo belo e inteligente De Olho no Reino Unido, me abriu os olhos para a importância de decorações natalinas exageradas nos países de clima frio, onde o Natal cai em uma época cujos termômetros já registram temperaturas abaixo de zero e a luz do dia vai embora no início da tarde. Nesses lugares é até necessário o carnaval de cores e luzes. Tudo para causar uma sensação de alegria em meio a um clima soturno.

Hoje também apareceu no programa de TV Manhattan Conection uma alusão ao documentário "O que Jesus compraria". Trata-se de um filme americano, ao meu ver de gosto duvidoso, mas que de quaquer forma manda goela abaixo um reflexão sobre a essência da data, muitas vezes esquecida nos xingamentos das filas do estacionamento dos shoppings.

Diante de tanto estímulo à reflexão, não resisti a algumas elucubrações: 1) O Rio de Janeiro é exuberante por natureza. As decorações simulando neve, com bonecos de cachecol e afins são uma grande papagaida e não combinam com a cidade. 2) Há maneiras de presentear bem, sem precisar ir ao shopping. As lojas de rua, os artesanatos da Feira Hippie de Ipanema, os bazares com peças feitas manualmente, ou os produtos daquela amiga que costura, ou mesmo aquele bolo de cenoura que você sabe fazer tão bem, costumam ser sucesso garantido e não expõem ninguém às filas e estresse dos shoppings – nem tão pouco pesam no orçamento. 3) Árvores de Natal de material reciclável, com motivos nacionais, costumam ser lindas. Viva a criatividade nativa! 4) Doce de banana no lugar da torta de nozes e peixe no lugar do pernil caem muito bem para nosso clima tropical. Na minha família já virou tradição. 5) As crianças acreditam em papai Noel pela simples imaginação. Poupemos os pobres seres-humanos de suarem dentro de uma fantasia pesada, neste calor de 40 graus.


Não tenho a pretensão de definir o conceito mais adequado para o Natal. Apenas acredito na liberdade de criarmos novas tradições, sem deixar morrer a aura festiva e convencional imposta pela data.

No mais, é colocar o sapatinho na janela e esperar pela Noite Feliz com a qual todos sonhamos.

sábado, 22 de dezembro de 2007

Bella Notte


Outro dia falei sobre Walt Disney. Também lembrei de uma promoção feita na década de 90 pela rádio JB, na qual tínhamos que enviar nossa sugestão sobre qual era o beijo mais romântico do cinema. Era uma promoção para ganhar alguma coisa que já não lembro, relacionada com o Dia dos Namorados. Não participei, mas lembro-me que pensei em enviar a cena do macarrão de "A dama e o vagabundo", desenho animado dos estúdios Disney, um verdadeiro clássico.
Toda mulher um dia já sonhou com um vira-latas romântico em uma bela noite.
Deliciem-se com o vídeo, capaz de amolecer os corações mais rígidos.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Curto Muito

Cabelos

Toda mulher, brasileira ao menos, tem uma relação toda especial com cabelos.

Em geral, passamos boa parte de nossas vidas apegadas a ele. Cabelo, inclusive, costuma ser um belo "indicador emocional". Quando terminamos um relacionamento, mudamos de emprego, de bairro, ou mesmo quando queremos mudar, corremos para o salão na intenção de dar uma virada – começando pela estrutura capilar.

Há aquelas que não mudam o penteado nunca. Há as que andam sempre com os cabelos longos. Aqui no Brasil não há muitas que gostem dos curtos. Estranhamente, neste território tropical ao sul do equador, temos por hábito cultivar as longas madeixas.

Outra peculiaridade: quando não temos tempo ou grana para penteá-lo, pintar as raízes, ou fazer a tal da escova progressiva, costumamos prendê-lo com as indefectíveis "piranhas" - um prendedor de cabelo dentado, ideal para segurar os fios rebeldes.

Recentemente , no programa Saia Justa, que passa no Canal de TV a cabo GNT, a Beth Lago disse que era muito fácil reconhecer uma brasileira no exterior: bastava olhar para os cabelos. Geralmente muito longos, nem sempre bem cuidados e presos com uma piranha. Passei a observar e descobri que 80% das mulheres que perambulam pelas ruas do Rio de Janeiro adequam-se perfeitamente à descrição feita pela ex-modelo e elegantérrima Beth Lago.

O pior: olhei-me no espelho e vi ali um outro exemplar desta estranha espécie descabelada.

Não hesitei: cortei meus longos cabelos. Tornei-me outra pessoa na aparência. Causei impacto. Muito positivo em uns, nem tanto em outros.

Não é a primeira vez que uso a nuca à mostra. Nunca fui muito apegada a cabelo. Por sorte os meus crescem bem rápido.

Renovei as fotos para vocês terem uma idéia.

Eu curto muito cabelos curtos.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Campo de Santana II

Essa é para quem gosta de bichos.

A chuva no Rio passou. Um sol de verão, acompanhado de um calor senegalês, apareceu com vontade de ficar. Ontem fazia 30 graus já às 8 horas da manhã, quando na verdade eram 7 horas, já que estamos em horário de verão.

Mais um dia de trabalho. O ônibus onde estou pára em frente ao Campo de Santana, como usualmente faz. Avisto um gato, daqueles bem gordos e peludos, a apalpar com as patas uma página de jornal perdida na grama do parque. Ao lado do gato, uma cotia. Os dois estavam embaixo de uma árvore, curtindo uma sombra.

Viajei naquele enredo. O gato deveria estar compartilhando com a cotia alguma notícia que o tenha espantado. A cotia, por sua vez, fazia seus comentários a respeito. Como sou uma leitora compulsiva de jornal e vivo a lembrar de amigos queridos quando leio algumas notícias, tenho este hábito de compratilhar artigos, notícias e notas que saem na mídia. Estes amigos, por sua vez, fazem o mesmo. E assim vamos nos realimentando de informações neste mundo de velocidade máxima em termos de conhecimento.

Uma vez li que o genial Walt Disney inspirava-se na natureza para realizar seus desenhos animados. Observar a fauna e a flora ao seu redor era garantia de cenas maravilhosas, como a de dois cães latindo por baixo de um portão ao passar um transeunte distraído, em um dos filmes que infelizmente não lembro qual (talvez "A dama e o vagabundo" ou então "Aristogatas"). Só sei que o pobre cidadão morre de susto com os latidos. Depois que o assustado cidadão passa, os cães caem na gargalhada e comentam como se divertiram...

Fico pensando: quem nunca passou por um portão e recebeu como prêmio latidos ferozes de algum cão? Disney identificou, talvez, a essência dos bichos. Via que aqueles atos tinham uma humanidade ímpar. O único sentido para essa mania que cães têm de latir para alguém que sequer estão vendo só pode ser por pura diversão...

Não sou o Walt Disney, mas adoro observar os bichos. Para a conversa entre o gato e a cotia, eu só queria estar munida de uma câmara. Poderia registrar o momento pitoresco dos bichinhos do Campo de Santana.

Infelizmente meu celular é jurássico e não saio com a câmara digital na bolsa...tenho mesmo muito o que aprender com a Cora Rónai...

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Campo de Santana

...é o nome de um parque, no coração do Centro do Rio de Janeiro. Fica bem na Praça da República, cercado pelo Hospital Sousa Aguiar, pela casa do Marechal Deodoro da Fonseca e pela estação de trem principal da cidade, a Central do Brasil.

Trata-se de um belo parque e tinha tudo para ser o Kensington Garden carioca, pelas amplas alamedas cercadas de árvores, grama e ...bichos!! Isso mesmo. A principal característica do Campo de Santana é ser um viveiro de cotias, patos, gatos.

Tenho uma relação afetiva muito forte com o Campo de Santana. Quando era criança, as manhãs de sábado eram ali ou na Quinta da Boa Vista. Meu pai colocava no carro eu, minha irmã e irmão mais velhos – e sempre mais um amiguinho ou amiguinha – e rumava em direção ao "Parque das Cotias", como eu carinhosamente o chamava. Ao chegar lá, meu pai sentava em um banquinho, abria o jornal e dizia "Andem, peguem uma cotia pra mim. Só vou embora quando um de vocês conseguir pegar uma cotia". Pronto. Era a deixa para sairmos enlouquecidos atrás dos roedores, uma mistura de esquilo com capivara, que nos davam uma canseira danada e , óbvio, não conseguíamos alcançar.

De vez em quando, meu pai, gaiato que é, ainda dava uns incentivos nos chamando para mostrar as cotias "Olhem essa aqui, essa tá mais fácil de pegar". Corríamos na direção do bicho que, antes sequer de darmos o primeiro passo, ja derá no pé e se atocaiara em algum canto. Meu pai ria muito e voltada a ler o jornal. Quando já estávamos exaustos, depois de horas de tentativa e algumas pausas para um suco ou um picolé, chegávamos até meu pai e dizíamos , derrotados, que não tínhamos conseguido. Ele nos consolava e dizia "Tá bom, vamos embora. Outro dia vocês conseguem".

Hoje entendo com clareza que aquelas idas ao parque nada mais eram do que estratégia. Com três crianças dentro de um apartamento seria impossível minha mãe , que é professora, dar conta de seu trabalho e estudos, além das eventuais tarefas domésticas. Meu pai, jamais conseguiria ler o jornal do fim-de-semana sossegado em casa com três crianças cheias de energia e alguns eventuais coleguinhas.

Todos saíam satisfeitos. Meu pai, lia o jornal todo. Nós, crianças, nos esbaldávamos atrás dos bichos impossíveis, acreditando que um dia conseguiríamos pegar pelo menos um. Minha mãe nos recebia de volta feliz: com o único trabalho de nos dar banho, comida e depois curtir o restinho do sábado com três crianças com adrenalina zerada, na expectativa de , no máximo, uma historinha contada antes de dormir.

Outro ponto interessante é que meu pai, talvez instintivamente apenas, alimentou em nós a capacidade de sonhar e de acreditar que o sonho é possível.

Atualmente passo todos os dias em frente ao Campo de Santana no trajeto de casa para o trabalho. Sei de todas as mazelas do parque. Sei que lá virou ponto de prostituição e de roubos. Quase não vejo criança brincando lá dentro, exceto em visitas guiadas de algumas escolas. Mas o parque continua ali, com sua natureza exuberante no meio do caos urbano.

Ontem caía uma chuva torrencial no Rio. O trânsito lento me obrigou a parar durante mais de 10 minutos diante das grades do parque. Avistei um cotia que se abrigava da chuva quase dentro de um tronco de árvore, daqueles bem sulcados. Ela devia estar sentindo frio e só mexia o nariz e as orelhas. Tinha uma aprência tão frágil que logo pensei "Acho que essa eu conseguiria pegar"...depois me dei conta e ri. Até hoje ainda penso em pegar uma cotia?

Logo veio o estalo: na verdade, a cotia nada mais é do que o símbolo da perseverança. Lembrei-me de quanto é delicioso tentar realizar algo tão desejado.

Tão doce é a sensação de seguir acreditando que vai dar para pegar a cotia.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Sem assunto

"Não te doas do meu silêncio.
Estou cansado de todas as palavras.
Não sabes que te amo?
Pousa a mão na minha testa,
Captarás numa palpitação inefável o sentido da única palvra essencial: amor"

Manuel Bendeira

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Galhofa

Em geral, depois que a mulher passa dos 35 anos, o melhor elogio que se pode receber é alguém se surpreender quando dizemos nossa idade. A frase"nossa, pensei que você tivesse no máximo 30" é ótima de escutar.

Confesso, orgulhosa, que tem acontecido com uma certa freqüência comigo. É ótimo, mas surpreendente.

Tenho uma compleição física grande. Quando tinha 12 anos meu corpo já era de uma mulher, o que me facilitou a vida para entrar em sessões de cinema, impróprias para a minha idade, na época da ditadura...também sempre acharam que eu fosse mais velha que minha irmã, com 2 anos a mais que eu.Minha mãe sempre aparentou ter menos, mas ela é do tipo mignon.

Eu não. Grandona, exuberante, mulherão...é assim que costumo ser descrita. Na hora de aparentar menos idade, estas características, acredito eu, sempre jogaram contra.

Mas parece que o tempo e a nova geração, de mulheres acima de 1,70 na faixa dos 20 anos, têm me ajudado. De quaqluer forma, comecei a desvendar o enigma sobre o porquê de somente agora, que já sou uma senhora, as pessoas me acharem mais nova do que sou, enquanto, quando era adolescente, me achavam mais velha.

O mistério começou a ser desvendo recentemente, quando ouvi de um colega de trabalho o seguinte: "Ah, você parece mais nova sim. É porque está sempre sorrindo e de bom-humor".

Bingo: as pessoas agora não acreditam que esse ser humano que adora uma bobeira e não perde o lado lúdico da vida possa ter mais de 35 anos. Na verdade não é minha aparência, e sim a idade mental que aparenta menos idade...galhofa!!

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Rebelião contra o mau atendimento

"É dessa massa que nós somos feitos: metade indiferença, metade ruindade". A frase é de um dos personagens do livro "Ensaio sobre a cegueira", do escritor português José Saramago, prêmio Nobel de literatura e um dos meus autores preferidos.

Acabei de tentar resolver um problema com a operadora do meu celular, a TIM.

Impossível.

Era a quarta ligação do dia, depois de três tentativas frustradas, nas quais três diferentes atendentes desligaram sem se despedir. Não sem antes, claro, me pedirem o tradicional "um momento que vou olhar meu sistema" e me deixarem pendurada mais de 10 minutos. A última pessoa que me atendeu pelo menos teve a ombridade de justificar a inoperência do tal sistema e pediu para eu ligar novamente em 1 hora. Detalhe: já passava da meia-noite.

A frase da autoria do Saramago veio-me imediatamente. Se não da massa de indiferença e maldade, do que os Call Centers são feitos? Quando dizemos aos ooperadores sádicos do outro lado da linha que eles parecem robôs, quanto engano estamos cometendo! Humanos. Demasiadamente humanos são os funcionários dos serviços de atendimentos telefônico e seus gestores, que optaram por reduzir o custo, pagando salários injustos, favorecendo a rotatividade e a mão de obra desqualificada.

Existe solução para isso? Eu vislumbro o dia em que faremos não mais as inócuas passeatas pela paz, mas sim manifestações populares de massa contra o advento do call center, especialmente os de companhias de telefonia. Somente no dia que nos rebelarmos contra a inoperância da relação empresa-cliente via call center poderemos ser uma nação.

Está tudo errado. O tempo de espera, a linguagem usada, as informações díspares, a falta de conhecimento sobre o assunto, a total ausência de quem tenha alçada para resolver os problemas, enfim. Os serviços de atendimento a clientes no Brasil são, a meu ver, a pior instituição a qual um cidadão precisa recorrer. Nem o INSS, com suas filas e corrupção, é tão ruim, pelo simples fato de que , do INSS, não se espera nada de bom mesmo.

Já de empresas que oferecem o supra-sumo da tecnologia, coisas como aparelhos de celular acionados por voz e sistema GPS, como esperar o tratamento de idiota que os operadores nos concedem?

Ainda faço uma matéria sobre isso...Bem, meu problema não foi resolvido e este blog nem tem repercussão...pena que eu não sou a Cora Rónai...(tentei achar o link de uma recente crônica da jornalista sobre suas agruras com o call center da Oi. Ficarei devendo...)

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Analogia

Dois acontecimentos chamaram a atenção na semana anterior: a inclusão do Brasil como o 70° país em Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e o rebaixamento do Corinthians à segunda divisão do campeonato brasileiro de futebol.

No primeiro caso entramos na lista por uma questão de média. Enquanto há bolsões de pobreza, mortalidade infantil e analfabetismo em estados como o de Alagoas (terra de Renan Calheiros), o Brasil convive com expecttaiva d evida, escolaridade e renda per capta digna da Suíça em estados do Sul, Sudeste e Distrito Federal.

No futebol, o campeão brasileiro de 2007, o São Paulo, é exemplode administração profissional e séria do esporte que é paixão nacional. Em contrapartida, o Corínthians foi vítima justamente do oposto, da máfia da cartolagem, dos dirigentes que fazem contratos milionários apenas visando ao enriquecimento pessoal, sem compromisso com a torcida, com os atletas, com a ética ou com as leis.

O Brasil, na média, tem IDH de primeiro mundo. O futebol paulista, na média, é o melhor do Brasil.

Duas situações que ilustram bem a dicotomia da nação. Uma analogia perfeita dos contrastes entre o que dá certo e o que dá errado nesta terra.

A prova de que com intenções sérias e pessoas éticas à frente dos projetos, este país tem jeito.

domingo, 2 de dezembro de 2007

Um brinde aos tomates!

"O mal de quase todos nós é que preferimos ser arruinados pelo elogio a ser salvos pela crítica".
Norman Vincent (Norman Vincent Peale é um escritor americano, nasceu em 1898 e morreu em 1993, esreveu, entre outros, o livro "Mude seus pensamentos e você mudará o seu mundo.")

Só tenho a agradecer ao anônimo que comentou meu post anterior.
Embora tenha ficado claro questões pessoais mal resolvidas comigo, eu sabia, desde o começo, que escrever sobre um tema tão polêmico e ainda por cima "assumir" não sentir preconceito me tornaria alvo de críticas. Seria mais fácil eu dizer "É claro que também tenho meus preconceitos"...mas eu não sinto dessa forma e não me posicionarei assim apenas para me tornar agradável.

Obrigada, anônimo! E "desculpe o auê, eu não queria magoar você..."