sexta-feira, 28 de março de 2008

El Pacificador

Cá entre nós, por mais que Nosso Guia, como diria Elio Gaspari, morra de admiração pelo presidente da Venezuela,Hugo Chavez, chamar mais de quatro vezes o líder (sic) venezuelano de pacificador, não foi um exegero delirante, não?

Se Chavez é pacificador, eu quero um monge tibetano para comandar as forças armadas.

Depois tomo uma taça de prossecco, enquanto o mundo acaba.

quinta-feira, 27 de março de 2008

Retrato em branco e preto

Foto: Ana Paula Cardoso

Não, não é nenhuma homenagem ao cinqüentenário da Bossa Nova. Embora o título seja o mesmo da canção composta por Tom Jobim e Chico Buarque, o post não faz nenhuma alusão à música.
Retrata apenas o estado de minh'alma. Minha alma não canta mais, chora, Maestro Jobim...
Ontem duas amigas mui queridas, paulistanas que moram em Londres, telefonaram para cancelar a passagem pelo Rio, planejada previamente.
Motivo? A epidemia de dengue.
Eu já vinha aqui protestando quanto ao descaso das autoridades. Já virou hábito o uso de repelente, já tentei denunciar erros de diagnóstico de médicos através do disk-dengue, não cultivo nenhum recipiente com água acumulada em minha casa e já fui até doar sangue.
Faço parte da população e faço a minha parte, apesar de as autoridades nos culpar pela epidemia...
Mas não sabia que doeria tanto ouvir alguém querido dizer que não virá mais a minha cidade por medo de ficar doente. Assumo a derrota. Nada pude contestar contra isso. Entrego os pontos e a minha carteirinha de carioca apaixonada pela cidade.
Desta vez doeu demais.
Estou de luto pelo Rio de Janeiro.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Cartão Corporativo

Na CPI instaurada para apurar gastos com os cartões corporativos pelo governo, observa-se a disputa entre o a gestão atual e a anterior.

Eu nem deveria me surpreender com tal tentativa do desvio de foco.

Vamos deixar tudo bem claro: qualquer executivo de empresas privadas sérias já trabalhou com cartão de crédito corporativo. É uma maneira eficaz de controlar gastos e evitar que o funcionário tenha que dispender seu próprio dinheiro a serviço da corporação e precisar solicitar reembolso depois.

Já tive cartão corporativo quando era executiva em várias empresas. Quando viajava a trabalho, ou precisava fazer qualquer gasto, bastava guardar a nota fiscal e , ao recber a fatura, justificar cada gasto.

Então, o foco deve ser em COMO os gastos são feitos no governo e não QUEM gastou mais. Com o QUE se gasta deveria ser o cerne da CPI.

O cartão corporativo não é o fim, sim o meio. Acabar com o cartão corporativo ou culpar quem o criou não vai evitar o gasto abusivo do dinheiro público. Seria como tirar o sofá da sala, como na piada do marido traído.

A falta de ética e a austeridade está nas mãos de quem usa e não na forma do pagamento.

segunda-feira, 24 de março de 2008

A arma zen carioca.

Aconteceu no sábado. Um amigo carioca exilado em São Paulo (exilado para mim, diga-se de passagem, porque ele está amando a terra da garoa e dos engarrafamentos de 180 quilômetros) convoca a turma para um encontro, a fim de amenizar as saudades.

A única exigência do ex-carioca: um lugar com ar-condicionado forte, pois seu organismo perdera a resistência às altas temperaturas locais.
Todos os demais aceitamos, afinal, ele é mui querido e nada mau uma boa climatização em tempos de calor acima dos 30 graus.

Meu amigo resolveu ligar para os lugares e finalmente reservou mesa no "Armazém Carioca", na Avenida Princesa Isabel, no Leme.

Fui a segunda a chegar. Lá estava já um amiga a beber seu chopp. Nos olhamos e eu fui logo dizendo: "Bem, pela temperatura ambiente, creio que este não foi o melhor lugar". A amiga concordou. A chegada dos demais confirmou que, se o objetivo era um encontro em qualquer lugar para curtir a companhia e um bom ar-condicionado, era melhor termos marcado na casa de qualquer um de nós...

O amigo exilado finalmente chega e leva um susto. O calor era tremendo. Dirigiu-se imediatamente ao funcionário da casa e falou "Poxa, eu liguei antes para saber se tinha ar-condicionado". Resposta do funcionário: "Tem ar-condicionado, ali ó", apontou para o aparelho localizado acima da porta central do salão. Realmente o funcionário estava certo: havia ar-condicionado, só que estava desligado e assim permaneceria , pelo o que entendemos. Levantamos todos e rumamos para o restaurante Fiorentina, tradicional casa localizada a alguns passos, ali na Avenida Atlântica, com ambiente externo que recebe a brisa do mar e salão interno devidamente gelado pelos condicionadores de ar.

A resposta infame de quem nos atendeu no tal "Armazém Carioca" só reitera a impressão que muita gente tem - especialmente quem mora em São Paulo - sobre a falta de profissionalismo dos serviços no Rio de Janeiro.

Se queremos voltar a ser a cidade referência do País e fazermos jus às estatísticas que ainda nos colocam como o local mais visitado pelos turistas no Brasil, está mais que na hora de mudar isso. Tenho experiência profissional de mais de 10 anos em atendimento ao público, posso me candidatar a dar consultorias. No "Armazém Carioca", cobraria o preço mais alto...

Copiei este texto e estou enviando para todas as seções de programa furado dos jornais cariocas. Esta ainda é a minha arma. Zen.

domingo, 23 de março de 2008

Fat Proud e a Páscoa

Foi eu tocar no assunto da 'mulher de verdade' e a revista do jornal "O Globo", do último domingo, botou cinco mulheres acima do peso para falar da ditadura dos padrões de magreza vigentes...


Como hoje é dia de comer chocolate e também dia em que se celebra a Renovação no mundo cristão, resolvi exibir-me um pouquinho.


A foto é para mostrar que a gente pode ser bela e sensual, mesmo quando o manequim está acima do 44. O importante é a saúde.

Nunca fui nenhuma sílfide e sempre sofri de baixa auto-estima por conta de ser uma mulher de carne - muito mais carne- e osso. Por isso hoje resolvi me exibir, já que não fui convidada para a capa da reportagem da semana passada.
E mais uma novidade, em tempos de renovação: as lojas Leader ou Renner (agora tanto faz, já que a segunda vai comprar a primeira) lançarão um catálogo com modelos que vestem manequim entre 48 e 54.

Minha chance de deslanchar minha carreira de modelo e manequim! ha ha aha ha

sábado, 22 de março de 2008

Malhar o Judas

A infância no subúrbio do Engenho Novo me remete ao ritual de todos os sábados de aleuluia: escolhia-se um personagem, um problema, alguma coisa que incomodava a comunidade e criava-se um boneco com o nome, da pessoa ou situação em questão, e convocava-se a criançada a malhar o tal boneco. A malhação consistia em dar pauladas até destruí- lo por completo.

Eu nunca consegui chegar perto de uma malhação de Judas. Ficava sempre de longe, olhando um pouco assustada, aquele ato de catarse coletiva infantil.

Porém nunca vou esquecer que uma vez, no condomínio onde morava, o nome do síndico despontava na placa acima do boneco de pano e palha. Seu Tião era o nome da autoridade maior do edifício Príncipe Daniel. Tão logo tomara posse, Seu Tião proibira que as crianças - e deviam ser mais de cem - brincassem nas partes internas e externas do condomínio, que eram bem amplas, diga-se de passagem. Conclusão: tínhamos que sair para as ruas para brincar. Isso desagradou não somente as crianças, mas os nossos pais, que já nos idos de 70 preocupavam-se com a segurança e a integridade de seus rebentos.

Não entrarei aqui em detalhes sobre a origem histórica da malhação do Judas. Certamente há ligação com a passagem da vida de Cristo que, dizem, foi traído por Judas Escariote. Minha intenção é dizer que, desde Seu Tião, presto atenção nas escolhas de quem representará o judas. Em todo sábado de aleluia, desde de 1975, penso sempre em alguém ou em alguma coisa para malhar, pelo menos em meu coração.

Os escolhidos deste ano são quatro: César Maia, Sérgio Cabral, Lula e o ministro da saúde José Gomes Temporão.

A dengue mata nossas crianças enquanto fanfarrões disfarçados de autoridade não fazem absolutamente nenhum esforço para tratar a epidemia já instaurada. Não só combater o mosquito adianta agora: é fundamental estruturar hospitais e médicos para tratamento imediato dos pacientes, a fim de evitar novas mortes.





Pau na canalha!!! Ou melhor, enxame de Aedes Aegyptis em cima dos judas!

quinta-feira, 20 de março de 2008

Pois é...

Eu tenho tanto para vos falar e o tempo não tem deixado. Também a tecnologia e suas crises de ausência têm me atrapalhado. Meu computador vive com problemas existenciais e solicita a visita do meu técnico uma vez por mês. Acho que meu HD se apaixonou pelo técnico. Enfim

Ando "bolada" como dizem os malandros cariocas com um monte de coisas: sumiço de um sargento no navio da marinha que faz expedição na Antártica; zen budistas perdendo a calma no Tibete; ônibus que não param para as crianças uniformizadas que aguardam nos pontos de ônibus...

Eu queria mudar o mundo. Como é que se faz isso?

quarta-feira, 12 de março de 2008

Mulher de Verdade

Lembro-me de uma vez, no século passado, em que voltava de uma caminhada. Cheguei em casa e comentei o quanto ficara impressionada com a magreza de uma atriz global famosa, com a qual esbarrara no calçadão de Ipanema.

Meu irmão, jornalista criado em TV, comentou então sobre a capacidade que a imagem de vídeo tem de aumentar o tamanho das pessoas. Pesquisas indicam podemos aumentar o equivalente a 7 quilos em imagens projetadas nas telas."É por isso que existem as belas do mundo virtual e as belas do mundo real. Eu fico com a segunda opção", concluiu o brother.

Na última sexta-feira assisti ao programa da Oprah Winfrey, transmitido aqui no Brasil pelo canal de TV a cabo GNT. A sinopse do programa já diz tudo:

"Como Parecer Melhor para Si Mesmo - Ep. 805 - Oprah recebe Carson Kressley, um dos astros do “Queer Eye for the Straight Guy”, e mostra como ele ajuda as mulheres a recuperar auto-estima no reality chamado “How To Look Good Naked”. No fim, elas vão ao salão de beleza já sabendo valorizar suas qualidades e minimizar defeitos.

E o que se viu no programa foi uma aula de como elevar a auto-estima em poucas lições. Não é de hoje o movimento mundial contra a ditadura do manequim 38 e da perfeição. Mas é bem mais emocionante constatar que isso é realmente verdadeiro. Além de ensinar às mulheres a valorizarem suas qualidades e enaltecê-las, Carson Kressley ainda tira uma foto das mulheres em poses sensuais, enroladas apenas em um lençol.

O ponto alto do programa é quando Kressley sai com uma das participantes e mostra a ela sua foto - aquela mesma apenas com um lençol - em outdoor, no alto de um edifício de uma grande cidade americana. Mais interessante ainda é a entrevista que Kresley faz aos transeuntes, sobre o que acham da mulher do outdoor. A aprovação foi de 100%. Um dos rapazes abordados respondeu "Finalmente vejo uma mulher de verdade como modelo".

No último sábado comemorou-se no mundo inteiro o dia internacional da mulher. Esta é a minha homenagem - ainda que tardia - à data.

Viva a mulher de verdade.

sexta-feira, 7 de março de 2008

Conversa para agradar paulista

O meu viés otimista, de ver sempre o lado bom das coisas parece que continuou de férias. A música que encerra o filme "A vida de Brian", do grupo de comediantes ingleses Monty Python, não sai da minha cabeça desde que voltei ao Rio e ando pelas ruas da cidade.

"I always look the bright side of the life" é a maneira de amainar meu mau humor e irritação com as dez coisas que mais me irritam no Rio de Janeiro:

1) Os ônibus que nunca param no ponto. Ou cortam por fora e simplesmente ignoram os passageiros que o esperam, ou param no meio da rua, onde bem entenderem, e os passageiros - inclusive crianças e idosos - que corram atrás do coletivo se quiserem entrar;

2) os vendedores ambulantes que entram nos ônibus gritando que poderiam estar matando, estuprando, esquartejando, mas optaram por estar ali, pertubando sua viagem e vendendo jujuba;

3) A instituição "flanelinha";

4) A total inércia das autoridades que culminou na institucionalização dos flanelinhas;

5) Os assaltantes de ocasião. Meninos, meninas e adultos que muitas vezes nem são ladrões, mas aproveitam-se de ruas desertas e atacam mulheres sozinhas e tentam ganhar "no grito". Muitas vezes levam;

6) O barulho de tiros que nunca sabemos de onde vem;

7) Os cariocas "blasés" que fingem não estar nem aí para o barulho dos tiros e ainda dizem "calma, não é nada não, deve ser lá longe...";

8) Essa máxima mentirosa de que o carioca é sempre gente boa e que trata bem turista. Não sabemos falar inglês e somos tão ou piores do que qualquer povo do mundo quando não consegue se comunicar com os estrangeiros. Na minha chegada ao Rio fiquei chocada com a total falta de simpatia, cortezia e profissionalismo dos atendentes da Casa do Pão de Quaijo do Aeroprto Tom Jobim com um grupo de colombianos. Precisei intervir e ajudar os turistas antes porque atendente já tinha desistido de atendê-los;

9) O vício de buzinar dos motoqueiros (ou motociclistas, para os que preferem) e o total descaso dos motoristas de ônibus e carros que colocam a vida de quem anda sobre duas rodas em risco;

10) Os taxistas que nunca sabem o caminho. Outro dia um não sabia onde era a Rua Barão de Mesquita, uma das principais da Tijuca. Desci e peguei outro carro.