sábado, 27 de setembro de 2008

Carta de despedida - escrita em 29/07/2004

Obrigada por ter me recebido ontem.
Apesar do atrito por causa do celular da paulista, saí de sua casa mais calma e conformada.
Pode ler até o final sem susto. Você não sentirá pena de mim, não vai sentir-se pressionado, irritado e muito menos culpado.

Parei. Pensei. Repensei.
Olhei minhas atitudes com distanciamento e percebi que continuo errando, tentando influenciá-lo a me querer de volta quando - você tem toda razão - isso precisa partir de dentro de seu coração.
E digo mais: eu também só quero se for dessa forma.

Assim como você, saí muito machucada de nosso casamento. Com a auto-estima no ‘ralo do porão do fundo do poço’.
Precisei cair na gandaia, abrir espaço para um monte de flertes que, durante um tempo, foram preenchendo meus vazios e levantando meu astral.
Entendo mesmo o que você está vivendo agora.
É um pouco doloroso, mas aceito isso. Embora saiba do risco de você se apaixonar e começar um novo relacionamento.
Se isso acontecer saberei aceitar, pois a vida é assim.

Aqui, de minha parte, vou desenvolvendo meu auto-amor e tomando consciência daquilo que espero de um relacionamento: sentir-me amada, desejada e importante pelo meu próximo companheiro.
Precisarei sentir que o homem que escolheu ter-me ao seu lado gosta do meu cheiro, minha aparência, meu jeito de ser e até dos meus defeitos. E ele precisará demonstrar isso nas ações e eu retribuirei com todo meu amor e todas as minhas qualidades (que não são poucas! rs,rs...)
Para mim essa é a única e verdadeira forma de se viver um amor.

Minha agressividade está sob controle, ou melhor, agora descobri que eu não sou agressiva. Tratava-se de um mecanismo psicológico, absorvido do ambiente familiar, usado para me defender do mundo, por medo de me mostrar do jeito que sou verdadeiramente: amorosa, romântica e graciosa.
Em contrapartida, talvez eu seja uma mulher de batalha mesmo, que leva mais agitação e movimento do que paz à vida de uma pessoa.
Mas discordo do seu pai. Acho que existem homens que querem mulheres deste jeito.
Pois o meu movimento é sempre em prol do engrandecimento.
Creio ser inegável que, apesar de tudo, comigo você só andou pra frente.

Desta forma, aquilo que você e outros entendem como ‘paz de espírito’ eu nunca poderei oferecer.
Até porque, no meu humilde entendimento, ‘paz de espírito’, o próprio nome já diz: deve vir de dentro de nós.
Posso não ser agressiva, mas intensidade e agitação fazem parte da minha essência.

Prometo que deixarei você "respirar".
Tenho um caminho a ser seguido: conseguir um novo trabalho, continuar a viver minha vida, tentar me apaixonar novamente e ser correspondida.
Pode até ser por você...se for o nosso destino.

Entrego a partir de agora tudo ao tempo que, com sua mão apaziguadora, atenuará todo sofrimento e saberá trazer o que tiver que ser.


Simples assim

sábado, 13 de setembro de 2008

Fiódor e o Cabelereiro

Precisava fazer unha, arrumar o cabelo, delinear a sobrancelha, enfim, essas atividades femininas de primeira necessidade. Eu sabia que só teria o sábado para fazer tudo, mas a logística não me favorecia: cada profissional de confiança escolhido para cuidar da minha estética, fica espalhado em cantos diferentes da cidade. Conclusão: resolvi arriscar e marcar no salão próximo da minha casa, sem medo de entregar bens tão preciosos a mãos desconhecidas...

Chego no salão e o cabelereiro que me atendeu, super gentil, perguntou se eu queria café, água, mate e um pãozinho de queijo. Eu não tivera tempo de tomar café e aceitei o mate com o pãozinho de queijo.

Nunca fui muito de puxar assunto com cabelereiros e manicures. Não por antipatia, mas porque eu gosto de ficar em silêncio nestes momentos. Pensando na vida, meditando. Por vezes, relaxo tanto que até durmo.

Enquanto eu tinha meus pés mergulhados em uma bacia, minhas cutículas sendo retiradas das mãos e o secador bombando no meu couro cabeludo, entra uma cliente e se dirige ao hair stylist que cuidava das minhas madeixas:

- Como vai, Toní? (é, o nome dele é Toní, com a sílaba tônica e ' i' agudo no final). Olha, a minha mãe pediu para eu trazer o livro que você emprestou a ela mas eu esqueci, trago na semana que vem, tá bom?

- Não tem problema não. Ela gostou?

- Disse que adorou...ah, e pediu para recomendar que você leia "A Cabana", do William Young.

- Ah, tá. Bom saber. Vou ler depois que acabar de ler "Crime e Castigo"...

Despertei na hora. Toní continuou:

- É romance russo, né? Já viu...Não é uma leitura fácil...Cada personagem tem um apelido e o autor muda toda hora a forma de se referir aos personagens. Mas é muito emocionante...não dá vontade de parar...

A cliente confirmou tratar-se de uma ótima leitura, de um livro para se carregar na memória para o resto da vida. E Toní acrescentou:

- Pois é, todo mundo fala que o final faz a gente refletir muito. Mas eu acho que ele vai acabar confessando o crime. Tudo bem que foi perfeito, mas ele não vai aguentar o remorso...

- Leia até o final, leia até o fina, Toní... - incentivou a cliente, com um sorriso de sabedoria nos lábios.

"Crime e castigo", de Fiódor Dostoiévski, faz parte da lista de clássicos que ainda não li. Estava programado para este ano (minha meta são dois clássicos por ano), mas emperrei na "Montanha Mágica", de Thomas Mann e já estava achando que não ía conseguir terminar sequer um único este ano. Não gosto de deixar livros pela metade, mas depois do papo entre a cliente e o cabelereiro, fiquei disposta a largar "A Montanha" de lado e partir para o clássico russo.

Quando o trato no cabelo terminou, não resisti e virei-me para Toní:
- Você gosta de cinema?
Ele respondeu, surpreso:
- Sim, gosto muito.
- Já assistiu a "Match Point", do Woody Allen?
- Não.
- Então, ao treminar de ler o livro, pegue o DVD. Dizem que Allen se inspirou em "Crime e Castigo".

Toní pega um papel e pede para eu anotar o nome do filme.

Saio do salão com a cabeça feita.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Cansaço ponto.com

Com tantas opções de lazer pelo mundo, certamenmte poucos perceberam a ausência da blogueira que vos posta. Aos incautos e resistentes visitantes, resolvi dar um alô e avisar que, em função da jornada tripla de duas semanas - por causa de um trabalho como freelancer, mais o trabalho oficial e mais cuidar da casa e de mim - estarei meio fora de órbita.

Vida de jornalista requer muito trabalho, se quiser ganhar algum dinheiro. E justamente os dois setores que estou cobrindo no momento - mercado financeiro e petróleo e gás - resolveram não dar trégua.

E nessas horas de pauleira, quando a gente pára, tudo que se quer na vida são aquelas trivialidades para as quais a gente nem dá importância quando se está no ócio: tomar um sorvete do Mil Frutas olhando para o Oceano Atlântico quebrando nas areias entre o Arpoador e o Morro Dois Irmãos; fazer um balde de pipoca e comer na companhia da sobrinha de nove anos, enquanto ela te explica o desenho animado psicodélico que tá passando no canal Nickelodeon; separar as fotos digitais para colocar em CD e depois levar para impressão; pegar aquele livro do Pessoa e abrir em qualquer página, só para ler um belo poema; comprar um gibi do Cebolinha, só para lembrar de como era bom quando não se tinha tanta responsabilidade na vida...

E, para terminar, dormir profundamente, depois de uma noite inteira namorando, sem ter hora para acordar no dia seguinte, com direito a passar o dia em casa, na maior paz de espírito possível. Ai, ai...

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Cama, Mesa & Banho

O amigo desabafa ao telefone:

"Não dá, Ana Paula. Ela é bonita, elegante, alta, magra, perfeita para passear no shopping (o amigo é de São Paulo), mas na hora da cama não dá. Sabe o Sérgio Noronha comentando partida de futebol? Pois é...ela parece um comentarista esportivo. Fala coisas do tipo: 'Agora foi muito para esquerda, seria melhor ir para a direita. Essa posição é ótima para eu sentir isto ou aquilo, mas prefiro aquela outra para aquilo outro'. Tem que falar essas coisas durante o jogo? Não dava para ser antes ou depois? Tenho que fazer um esforço hercúleo para não broxar..."

Depois de ajudar o amigo com algumas palavras de consolo, fiquei refletindo. Não me saía da cabeça a história de a mulher ser perfeita para passear no shopping, em compensação, ser o supra-sumo do anticlímax na melhor hora do dia.

Lembrei-me imediatamente de outra definição, partida do meu irmão, quando questionado por qual motivo, aos 40 anos, nunca havia se casado. "Ainda não encontrei a mulher completa".

Lembro ter ficado intrigada na época. Mulher completa é diferente de mulher perfeita. Como sempre gostei muito de ouvir o brother – talvez por ser uma referência da visão masculina sobre o mundo, tão ao alcance das minhas mãos – questionei mais a fundo.

Não seria uma utopia a tal mulher completa?

Vejam a resposta dele:

"Eu acredito que para dividir meus lençóis com alguém, essa mulher precisa ser do tipo cama, mesa e banho".

Como assim??? Indaguei na hora.

"Cama é auto-explicativo. Mesa é quando a gente tem orgulho de apresentar a mulher aos amigos, quando ela é tranqüila no trato social, inteligente, divertida, sociável, quando tem suas aspirações próprias, uma atividade profissional, essas coisas. E banho representa a intimidade. Uma mulher que seja boa de passar um fim-de-semana chuvoso em casa, que não infernize minha vida porque eu tô a fim de assistir o Vasco contra o Paysandu do Pará e nem arme um barraco por causa de um par de sapatos fora do lugar".

Fez sentido para mim, mas o mano continuou:

"A questão é que encontrei na vida algumas mulheres que foram cama e banho, mesa e cama, mesa e banho, mas, até hoje, nunca encontrei a mulher Cama, Mesa & Banho que procuro".

Então talvez esse seja o segredo para poupar frustrações: enquanto a mulher ou o homem completo não aparece, o negócio é ir para cama com quem é de cama, para a mesa com quem é de mesa e para o banho...bem, o banho a gente deixa para quando a cama e a mesa já estiverem em estágio avançado...

Mas se esse ou essa aí que está bem ao seu lado é Cama, Mesa & Banho, está esperando o que para colar com ela(e)??????????????????????

sábado, 30 de agosto de 2008

Correio do Amor

Eu sou cadastrada em alguns sites de relacionamento. Para quem não sabe o que é um site de relacionamento, segue aexplicação: Trata-se de uma espécie de 'Balcão Sentimental' da era da internet, no qual homens, mulheres e demais gênereos constroem seus perfis - onde constam informações resumidas sobre personalidade, tipo físico, gostos, preferências e ainda tem lugar para botar foto - e a partir de então ficam navegando no tal site, em busca de um 'par perfeito', uma 'cara-metade', ou simplesmente uma boa companhia para um cineminha, um beijo na boca e o que mais vier...

Conheci gente bem interessante ao longo de quatro anos 'experimentando' a utilização da internet para um primeiro contato. Muitos encontros partiram rapidamente para o mundo real e , no saldo, fiz pelo menos duas belas e novas amizades, vivi uma grande paixão e ainda rolou um pedido de casamento...

Fora os inúmeros encontros fortuitos, relâmpagos, fugazes, que serviram para diversão, fizeram bem à pela e ainda por cima ajudaram nessa minha louca insistência de tentar entender a humanidade...

Nessa brincadeira, ainda acabo me divertindo com as mensagens bizarras. Escolhi algumas recebidas e vou compartilhar com vocês. Será que as abordagens abaixo conseguem conquistar alguém?????


O direto e reto: "Oi gata, será que esse homem que procura sou eu? Se quiser um homem gentil terá, mais (sic) se quiser um animal na hora de fazer sexo com muito vigor, terá também. Olha o meu perfil e as minhas fotos, acho que vai gostar, assim como gostei de vc. Beijos nessa boca linda, carnuda e apetitosa"


O enigmático: "Manga eh uma fruta gostosa?Eu gosto muito desta frutaUm dia vamos nos encontrar?Mas tudo a seu tempo.Saber ouvir é uma arte.Na verdade eu preciso calcular a nossa distância. É isto de fato vai acontecer!!!!!Acho que seus olhos são claros. Logo logo vou confirmar isto. Òtimo o lugar onde vc está!!!Havia um pássaro sobrevoando em sua foto. Amanhã vou ampliar sua foto.Peter é o nome do meu filho.Eu sou apaixonado por música.Tomei aulas até de violino.Embora vc não tenho posto fotos vê-se que vc eh fotogênica.Reencontrar pessoas tambem eh uma coisa muito interessante.E aí você tem essa facilidade?Leia atentamente, se for necessário, leia mais de uma vez. Beijos para você, os primeiros beijos são inesquecíveis"

O objetivo: "Oi, gostei de você. Eu moro no Leblon, tenho carro e sou advogado. Me liga. Meu telefone é xxxxxx"


O erudito: "Olá meu doce!!É sempre bom encontrar com pessoas bonitas, alegres e joviais, todas essas características são tecidos para a conquista da felicidade. Fazer amigos e nos rodear de pessoas nos torna mais fortes e mais autênticos e muito mais capazes de desafiar nossos próprios limites. Falando em pessoas especiais e alguém interessante, andei olhando seu perfil e você parece ser alguém muito interessante pra se conquistar. Hoje na cultura que vivemos, feita de medo e violência, é necessário que nós tenhamos pessoas de boa fé e de muita reciprocidade pra partilhar. Uma frutuosa amizade se constrói na solidez da sinceridade, com as palavras da verdade e com o respeito da admiração.Convido você a fazer parte do meu grupo de amizade pra nos conhecer melhor e quem sabe construirmos uma ponte mais estreita entre nós? Espero poder acolher você na minha vida pela porta da frente e que você nunca mais encontre a da saída."


O poeta: "Gostei muito do seu perfil e de sua foto. Estou interessado em desenvolver uma grande amizade, que de tão grande, se respeita, se busca, se deseja, se ama. Um grande caso de amor, que seja mais do que chama, que seja uma fogueira amiga que indica direção, como farol no caminho da vida, que seja uma fogueira perene, onde cada um coloque sempre um graveto, mantendo sempre acesa a nossa paixão. Quero um amor de rosto colado, de mãos dadas ao entardecer, de telefonemas inesperados, de corpos suados, de entrega e paixão, de conte comigo, de estou aqui, de muitas palavras, mesmo que em silêncio. Quero um amor assim, com o teu jeito, com teu sorriso, sem o medo do passado e despreocupado do futuro."


O analfabeto : "Gostei do seu perfiu (sic), sou separado, tenho 42 anos, sou um homem carinhoso e romantico(sic), do tipo que gosta de levantar mais sedo (sic) e levar café da manha(sic) para a esposa, mandar flores sem ter uma data especifica(sic), gosto do ser muito carinhoso e receber tb carinhos, procuro uma pessoa que queira mesmo assumir um compromisso serio(sic), de um relacionamento onde os dois teram(sic) dificuldades mais(sic) juntos e com muito dialogo(sic) saberam(sic) superar o dia a dia. Veja o meu perfiu(sic)."


O que manda a fotografia:

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Corpo

Era fim do dia no conceituado jornal onde trabalho, matéria devidamente entregue ao editor, sistema operacional da redação em pane, um clima levemente tenso no local de trabalho. Toca o celular, a amiga querida que não costuma ligar em hora de fechamento. Atendo
- A que devo a honra de sua ligação?
- Tens condição de estar às 8 horas no Teatro Municipal?
- Bem, tenho. Já entreguei a matéria...
- Tenho convite para assistir o Grupo Corpo, quer ir?
- Claaaaaaaaaaro!

A primeira vez - e até ontem única - que assisti a uma apresentação do grupo mineiro, que existe há 33 anos, foi em um festival Carlton Dance ( é, minha gente, sou do tempo em que cigarro patrocinava festival de dança...).

O ano era 1991 e eu uma idealista estudante de teatro e jornalismo, que ainda não sabia bem qual carreira seguir ou se seria possível conciliar arte com imprensa. Na Escola de Teatro Martins Pena, onde eu cursava o profissionalizante de atriz, era comum distribuírem ingressos para os alunos e funcionários. O Teatro Municipal pertence ao estado e a escola também. Na ocasião, a diretora do Teatro era muito amiga de quem dirigia a Escola.

Assim, um belo dia, a minha professora de expressão corporal, Márcia Rubin, chegou à aula com alguns ingressos para diferentes dias do tal festival patrocinado pela Souza Cruz. Tinha desde Pina Bauch até uns grupos alternativos americanos. Ela sorteou e eu fiquei com o Grupo Corpo.

Não lembro qual foi o espetáculo, nem tampouco o nome da apresentação. Só lembro da sensação de hipnose sentida com os movimentos dos bailarinos, com a superação possível do corpo humano. A síntese do grupo liderado pelo coreógrafo Rodrigo Pederneiras é transformar os corpos em obras de arte em movimento.

Depois de assistir ao espetáculo de ontem, posso afirmar que o Grupo Corpo só evoluiu nestes 17 anos em que estivemos afastados...





segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Mais um ouro para ele!



Ele já chegou ao mais alto lugar do pódio ao defender a seleção de basquete masculino dos Estados Unidos, na Olimpíada que terminou ontem.




Agora ele tem chance de ganhar outro ouro ao tornar-se forte candidato ao troféu "Testosterona de Ouro", disputa criada por esta blogueira para premiar a masculinidade intensa, do tipo capaz de exalar pelos poros e que anda tão em baixa por aí...(especialmente nos chororôs de alguns atletas brasileiros...)




Confesso que foi preciso garimpar muito até encontrar o candidato à altura, mas valeu a procura.




Lebron James: 2 metros e 3 centímetros de pura força, raça e beleza.


Quero uma cesta de três pontos dessa lá em casa!!!!

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Quero chorar, não tenho lágrimas

Uma vez ouvi de um amigo radicalmente capitalista: "No mundo há dois tipos de pessoas: as que choram e as que vendem lenços. Prefiro a segunda opção."

As Olimpíadas de Pequim fizeram a frase do amigo perdido no tempo vir à tona e não sair mais da minha mente. Não sei se é coincidência, não sei se sempre aconteceu e eu não reparava, não sei se o Pan de 2007 subiu à cabeça dos atletas e os fizeram achar que Pan e Olimpíada era a mesma coisa, não sei... mas ando bem cansada de tanto chororô.

Porque tanta choradeira diante do ouro derramado? Aliás, como disse um outro amigo, um pouquinho mais gaiato, "Chegou a hora dessa gente brozeada mostrar seu valor". É isso, gente. O Brasil é terra de gente bronzeada, tudo a ver coma cor das suadas medalhas trazidas para casa por nossos atletas...

Gracinhas sem graça à parte, não tenho a intenção de defender nenhuma tese sobre a postura do brasileiro diante da derrota. Mas tenho várias hipóteses. Começo pegando carona em uma frase do Tom Jobim "No Brasil sucesso é ofensa pessoal". Temos um certo medo de vencer. É mais confortável, talvez, causar peninha que inveja. Outra frase, de outro gênio: " O brasileiro tem complexo de vira-lata", cunhou Nelson Rodrigues ao defender a tese de que o futebol brasileiro, até 1958, entrava de gatinhos contra os adversários estrangeiros e acabava perdendo sempre para si mesmo.

A gente tem mesmo um pouco a mania de se escorar no "nada dá certo", "não somos bons o bastante", "não podemos arriscar". O próprio Diego Hipólito andou dizendo, depois da derrota, que nem deu o salto mais complexo dele...e mesmo assim, caiu sentado. Então, não seria melhor ter dado tudo de si? Talvez o Cesar Cielo tenha ganho por ter passado bom tempo nos Estados Unidos e agora já sabe que antes de vencer, é preciso acreditar na vitória, projetar até.

Hoje escutei de um economista, em um congresso voltado para o mercado financeiro, que a diferença entre o economista brasileiro e o americano é que o primeiro prevê sempre uma crise pior do que a instaurada, mesmo que os números digam ao contrário, enquanto o segundo sempre projeta que tudo passará rápido e voltará ao normal, mesmo que a recessão já esteja estabelecida.

Para chegar ao primeiro mundo de verdade, seja no esporte ou na economia, a gente precisa aprender a ser um pouco mais otimista, a entender nossas potencialidades sem ufanismo exagerado, mas também sem complexo de inferioridade.

Um pouco mais de equilíbrio poderia ser uma antídoto contra tanta coisa bizarra que acontece com brasileiros por aí. Lembram de 2004? Quase teve ouro para o Brasil na maratona, mas ficou no quase, por causa de um padre irlandês maluco, que invadiu a corrida e empurrou o brasileiro. Agora a vara da atleta some... E enquanto escrevo este post, lá vai o Btasil rumo a mais uma amarelada: 9 x 1 no primeiro set da final do vôlei de pria masculino, ai, ai... tomara eu pague pela língua...

Mas não é só no esporte , não: a polícia inglesa confunde um cidadão de bem com terrorista, mete três balas nas costas do cara e adivinha qual é a nacionalidade da criatura? Os amigos estão passeando por um zoólogico na Califórnia, um tigre foge da jaula, ataca um visitante...sabe de onde o 'sortudo' engolido pela fera nasceu? O avião da Spanair saía de Madri rumo As Ilhas Canárias....adivinha de onde era um dos passageiros a bordo?

Tá na hora dessa gente bronzeada parar de chorar e tomar um banho de sal grosso...

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Eu te falei que tinha medo...

E não deu outra: chocolate argentino em cima da seleção (sic) olímpica de futebol masculino. Eu, você, o presidente Lula e todo o mundo sentiu raiva daquela apresentação sofrível. Mas não foi surpresa. Eu levantei a minha placa de "Já sabia, Galvão", minutos antes do apito final.

O que esperar de um time comandado (sic de novo) por Dunga???? E que se submeteu à pressão da mulambada camaronense por 90 minutos no jogo que antecedeu o de ontem?

Vou pegar carona na piada do programa CQC, da Band:

Qual é a diferença entre o Dunga da Branca de Neve e o técnico da seleção brasileira de futebol?
O primeiro não fala, o segundo não pensa.

Agora é botar fé na mulherada...

domingo, 17 de agosto de 2008

O bom da vida é prosseguir...

De repente um olhar de cumplicidade se cruza e vem à tona uma sensação estranha. Quem bate? É o amor. Não adianta bater, que eu não deixo você entrar... só as Casas Pernambucanas é que vão aquecer o meu lar. Na verdade, a gente tem que aprender a viver o presente e pensar no futuro, sem essa estranha mania humana de criar medos por causa de experiências passadas desastrosas. Encontrada a chave do sucesso amoroso! Mas quem a coloca no cadeado? E se ao abrir estiver lá ele ou ela, em uma roupa de dormir sensual, entoando cânticos sedutores em meio a lençóis de seda chinesa? Por que eu olho pelo vitrô da porta (alguma porta hoje em dia ainda tem vitrô?), mas não consigo enfiar a bendita chave na fechadura? A amiga do blog ao lado chamou de Commitment-phobe. Olha lá só. E tem gente com a pachorra de discordar! Ai essa gente bem resolvida que pensa entender de tudo...Na teoria, ó, é uma beleza. Vai para a prática que eu quero ver...Eu quero ver você se entregar de novo, abrir a porta, entregar o controle do portão eletrônico, avisar ao porteiro que não precisa interfonar e dar a senha de acesso às mensagens do correio de voz... E o trabalhão depois? Mudar o endereço na operadora de telefone, enfrentar o call center do cartão de crédito só para informar o novo cep ... E o nome no passaporte? Mas quem , pitombas, ainda coloca o nome do outro nos documentos!!!????...Vai lá que eu quero ver...Apresentar à mãe e ser apresentado aos irmãos e aos melhores amigos. E quando a sobrinha de três anos, que nasceu te vendo em única e constante companhia, perguntar porque está só? E quem vai brincar de furar onda na praia com ela? Não dá não...É muita coisa para um compartimento que não mede mais do que 20 centímetros e fica batendo em sincronia com todo o fluxo sanguíneo de um mísero ser humano. É muita responsabilidade para o músculo involuntário que pulsa pela Marisa e mais um monte por aí...Quero ver. Vou ficar aqui, de camarote, para ver como se anda de novo na linha depois que o trem descarrilhou. Quem se atreve? Quem nunca se atreveu! Só pode! Mas até quem nunca se atreveu não tá se atrevendo mais. E aí? O que é que eu faço agora? Já tentei ir embora, mas meu coração está preso a você. Danou-se a nega do doce! Vai lá e encara. Ai, não. A água tá fria, deixa eu me aquecer mais um pouquinho...um, dois, três, um, dois, três e ... já! Já era. Começou a chover, deixa o mergulho para outro dia, né? Quem sabe faz sol...E se não fizer nunca mais? Quando o segundo sol brilhar, vai realmente realinhar as órbitas do meu planeta? E como tem gente que realinha pela segunda, terceira, quarta, quinta vez! Êta gente incansável! Com que facilidade saem de um planetinha e entram em outro, não é não? Ai que inveja! Esse deve ser outro grande segredo: não pensa não, minha filha, quem pensa muito não vive. Vai se divertir, menina! Amanhã é outro dia e a gente nem sabe se vai estar aqui nesse mundo, aproveita! Seja leve, brinque, se abra para o superficial...Finge, pelo menos, criança! Ai, mas eu quero brincar-sério. Esse negócio de simular para ver se dá é coisa para iniciados e eu sou faixa branca...O jeito é voltar para a fechadura, ficar olhando para ela até ter coragem...e quando finalmente virar a chave, entrar e , mesmo ainda titubeante, caminhar para frente, em direção a esse desconhecido com cara de primo distante com quem a gente brincou na infância, mas agora só encontra em casamento e funeral...E quando finalmente entrar, imprescindível é bater a porta atrás de si. Porque passado é bom que fique do lado de fora...