Era fim do dia no conceituado jornal onde trabalho, matéria devidamente entregue ao editor, sistema operacional da redação em pane, um clima levemente tenso no local de trabalho. Toca o celular, a amiga querida que não costuma ligar em hora de fechamento. Atendo
- A que devo a honra de sua ligação?
- Tens condição de estar às 8 horas no Teatro Municipal?
- Bem, tenho. Já entreguei a matéria...
- Tenho convite para assistir o Grupo Corpo, quer ir?
- Claaaaaaaaaaro!
A primeira vez - e até ontem única - que assisti a uma apresentação do grupo mineiro, que existe há 33 anos, foi em um festival Carlton Dance ( é, minha gente, sou do tempo em que cigarro patrocinava festival de dança...).
O ano era 1991 e eu uma idealista estudante de teatro e jornalismo, que ainda não sabia bem qual carreira seguir ou se seria possível conciliar arte com imprensa. Na Escola de Teatro Martins Pena, onde eu cursava o profissionalizante de atriz, era comum distribuírem ingressos para os alunos e funcionários. O Teatro Municipal pertence ao estado e a escola também. Na ocasião, a diretora do Teatro era muito amiga de quem dirigia a Escola.
Assim, um belo dia, a minha professora de expressão corporal, Márcia Rubin, chegou à aula com alguns ingressos para diferentes dias do tal festival patrocinado pela Souza Cruz. Tinha desde Pina Bauch até uns grupos alternativos americanos. Ela sorteou e eu fiquei com o Grupo Corpo.
Não lembro qual foi o espetáculo, nem tampouco o nome da apresentação. Só lembro da sensação de hipnose sentida com os movimentos dos bailarinos, com a superação possível do corpo humano. A síntese do grupo liderado pelo coreógrafo Rodrigo Pederneiras é transformar os corpos em obras de arte em movimento.
Depois de assistir ao espetáculo de ontem, posso afirmar que o Grupo Corpo só evoluiu nestes 17 anos em que estivemos afastados...
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