...é o título de um livro, da escritora americana Lionel Shriver. A obra, de ficção, conta a história da mãe de um adolescente responsável pelo massacre de colegas em sua escola.
Ainda não li o livro. Gostei da resenha. Parece que a história desconstrói bastante o mito da maternidade. Gosto de quem derruba mitos.
No caso da maternidade, creio que as mães não podem reclamar. Os conceitos pré-concebidos a respeito da maternidade são todos, absolutamente todos, favoráveis aos estado quase celestial da condição de mãe. Quando todos, absolutamente todos nós, sabemos que ser mãe não é este mar de delícias e amor imaculado.
Precisamos falar sobre preconceitos. Dos bons e dos maus. Tanto dos que enaltecem – como no caso das mães – como dos que denigrem.
Tenho ouvido algumas coisas e ficado quieta. Tenho ouvido outras e me manifestado, mas aí crio celeuma e chateio amigos queridos. Tenho ouvido coisas que me incomodam, vindas de amigos queridos ou de gente com quem convivo, por questões de trabalho ou atividades diversas.
Este post ficará um pouco maior do que eu imaginava. Mas é preciso falar sobre isso. É preciso falar da colega de trabalho contando que a irmã, recém-chegada a Londres para morar, não gostou do curso de inglês no qual se matriculou porque “só tem homem-bomba”, referindo-se aos colegas de turma, provavelmente imigrantes, como ela, mas de proveniência árabe que querem o mesmo que os brasileiros brancos e bem-nascidos: uma vida melhor em um país mais justo.
É preciso falar sobre o comentário de outro colega sobre a recente reportagem no programa “Fantástico”, da TV Globo, no qual Regina Casé vai até a periferia de Paris mostrar imigrantes africanos, todos negros, que são endinheirados e gostam de ostentar. “Coisa de preto mesmo aquele sapato todo brilhoso”.
Precisamos falar do comentário de uma executiva, considerada excelente em gestão de pessoas, dentro de uma sala de reunião somente com diretores e gerentes, a respeito de uma funcionária, casada que se supunha viver um romance com outro funcionário, também casado. “É uma piranha. Pra mim mulher que sai com homem casado é piranha”.
Precisamos falar sobre o amigo querido que, ao contar uma história, refere-se a pessoa que acabara de conhecer descrevendo sua aparência. “Era preta, bem preta e tava vestida com um taiuller vermelho. Parecia uma bandeira do Flamengo ambulante”.
Precisamos falar de uma amiga assumindo para outra seu preconceitos, porque a segunda acha o boy da empresa um homem interessante.
Precisamos falar de quem acha que usar bota com vestido curto se veste como uma pistoleira.
Precisamos falar sobre quem acha que o seu namorado extravagante, que usa óculos escuros à noite, não poderá freqüentar a casa da amiga chique.
Precisamos falar sobre a mulher, executiva de uma empresa, que foi demitida de sem nenhum motivo objetivo. Mas ela vivera um romance com um funcionário, mais novo que ela nove anos, hierarquicamente inferior e ainda por cima, negro.
É preciso falar da mulher que se separa do “marido perfeito”, educado, estável financeiramente, trabalhador e bom caráter, mas que não fazia sexo com ela. É preciso falar que ela ouviu coisas do tipo “Ah, mas sexo se arranja. Hoje em dia todo mundo trai.Um homem como esse vai ser difícil encontrar para casar, viu?”
Precisamos falar sobre esta questão. Uma vez veiculou um comercial na TV que perguntava “Onde você esconde seu preconceito?”. Nunca tinha parado para pensar na consistência dessa pergunta. Todas as pessoas aqui citadas têm nível superior e sabem se comportar muito, mas muito bem mesmo. Não são pessoas mau-caráter, pelo contrário. Todas honestas, trabalhadoras, fazedoras do bem. Mas dentro, lá no fundinho de cada uma, existe um preconceito. Ele vem à tona em conversas informais, geralmente.
Sei o quanto este post pode parecer hipocrisia. Nem tenho intenção de me colocar em um estado de vida superior. Apenas preciso falar que não sinto desta forma. Para miim, maternidade é uma pedreira e tem muita coisa ruim nesse processo de criação de outro ser humano; para mim fazer um curso de inglês com um monte de árabes seria o máximo, uma boa oportunidade de conhecer gente de cultura tão distinta; para mim sapatos prateados e brilhosos ficam bem em qualquer pessoa, de qualquer cor, basta que tenham estilo, aliás nem precisa de estilo: basta que a pessoa ande com a indumentária que quiser, eu realmente não me incomodo com a vestimenta de ninguém; para mim mulher casada que sai com homem casado não é piranha, a não ser que ela cobre pelo “serviço”; para mim, em geral, pouco importa a cor da pessoa, quem me conhece e presta atenção sabe que eu costumo falar das atitudes das pessoas quando me refiro a alguém.
Por isso a colega de trabalho malcriada pode até ser feia, mas comento sobre sua aparência de maldade, depois de já tê-la conhecido o suficiente para não mais prejulgar. O chefe usar gravata exótica eu até acho bacana, quando comento o que não gosto geralmente são dobre suas atitudes. E por aí vai. O modo como a pessoa age, a postura diante da vida, a honestidade e o caráter contam muito para mim. A aparência ou a opção sexual ou a deficiência física vêm depois.
Antes que me execrem em praça pública: sim eu seguro a bolsa mais forte quando um monte de moleques pretos e descalços aproxima-se de mim nas ruas da cidade; sim eu fecho o vidro do carro quando vejo os limpadores de vidro ou os mesmos moleques pretos e com roupas esfarrapadas. Sim eu faço. Da mesma forma que abordo o camarada branco e bem nascido que tenta furar a fila do cinema e o chamo de sem-educação. Seriam minhas atitudes preconceituosas? Prejulguem!
Tive a boa sorte de ser criada em uma família na qual meus pais sempre receberam em casa os amigos gays, pretos, mais pobres que nós, mais ricos que nós, de olhos azuis, filhos do porteiro, filhos de industriais, deficientes fiscos, perfeitos, louros de olhos azuis, mulatos de olhos pretos, com cabelo pintado de azul, com piercing na língua ou tatuagem no pescoço. Budistas, cristãos e ubandistas. Usuários de drogas, liberais e conservadores. Quem votava no PT ou no PRN. Quem fazia aborto e depois ía à igreja se confessar.
Fui ensinada a tratar bem todo mundo e sempre dar uma chance antes de prejulgar. Fui ensinada a compreender que não tenho nada a ver com a vida particular de ninguém. Fui ensinada a achar interessante quem foge dos padrões. Fui ensinada a ser aberta ao mundo. Aprendi muito e desaprendi um bocado também.
Tem um preço ser assim. Tentar não ser hipócrita, tentar tratar bem quem todo mundo odeia, tentar tratar de forma justa quem todo mundo baba o ovo. Tentar o tempo todo. Mas é preciso sentir, e não apenas se comprtar como alguém deprovido de preconceito. Eu, confesso e é difícil confessar porque sei que vão me jogar ovos: não sinto preconceito. O verbo é esse mesmo "sentir". Eu realmente não sinto que a pessoa é piranha porque tem amante ou que é brega porque usa roupas exóticas, que eu não usaria. Não me uso como referência o tempo todo. Talvez esse seja o segredo, não sei...
No meu entendimento o preconceito do mundo só vai acabar quando mudarmos a forma de sentir.
No meu entendimento, é uma questão de hábito, de exercício diário mesmo.
Precisamos mudar nossos conceitos pré-concebidos.
sexta-feira, 30 de novembro de 2007
quinta-feira, 29 de novembro de 2007
Prêmio Embratel,ou, A César o que é de César
Acabo de chegar da cerimônia de entrega do Prêmio Imprensa Embratel , realizada no Canecão, tradicional casa de shows da cidade do Rio de Janeiro. O prêmio Embratel é hoje, junto com o Prêmio Esso, o mais importante prêmio jornalístico do país, uma espécie de Oscar para os jornalistas brasileiros.
Concorrem ao prêmio milhares de reportagens publicadas ao longo de uma ano, que são selecionadas por uma banca formada por especialistas com a missão de definir os finalistas. Na noite da premiação, é anunciado o ganhador. Assim como o Oscar para o cinema, as matérias podem concorrer a uma série de categorias. Mas o prêmio mais almejado é o de melhor reportagem do ano. Todas as matérias que concorrem nas diversas categorias são finalistas para o prêmio máximo.
O ganhador de 2007 foi "Adulteração de Combustível", uma matéria investigativa feita para o Jornal Nacional por César Tralli, Robson Cerântula e William Santos. Merecido. A série de reportagens mostrou o comércio ilegal de combustóiveis no país e os riscos corridos por quem abastece seu automóvel no Brasil.
A festa estava ótima, apresentada pelo excelente Ronaldo Rosas e pela Renata Vasconcellos, visivelmente contida em sua estréia como mediadora de um evento deste porte. Comida e bebida à vontade e fechamento com show do conjunto de samba Casuarina. O encontro com amigos e coleguinhas de outros veículos também valeu o ingresso.
Em determinado momento meu pensamento ficou um pouco alheio à festa e pensei em como é impressinante a quantidade de reportagens-denúncia concorrendo ao prêmio. Um dos jornalistas ganhadores, quando subiu ao palco para agradecer disse "O Brasil é uma bagunça". As matérias provam isso. Há desde máfia de funerárias que emitem atestados de óbito falsos até desmatamento indiscriminado, com contrabando de madeira para a China, na Amazônia, passando pela agressão de professores por alunos dentro das salas de aula da rede pública nacional.
Os jornalistas que se propõem a fazer este tipo de matéria-denúncia ainda por cima correm risco de vida e podem acabar da mesma forma que o saudoso Tim Lopes. A sociedade, embora reconheça essas reportagens como algo de valor, por vezes confunde a imprensa com o solucionador do problema e se volta contra quando os problemas tornam-se recorrentes. Do lado de cá, ainda existe a questão de ser limitado o número de veículos de fato dispostos a bancar uma matéria que pode colocar em risco a relação de poder com empresas, políticos ou interesses diversos.
Minhas reflexões foram longe...busquei o máximo tirar uma conclusão sobre o papel da imprensa, mas aí pensei em como é gratificante quando o reconhecimento pelo trabalho arriscado e mal remunerado chega em forma de prêmio.
Parabéns aos ganhadores, especialmente ao César Tralli - agora vou tietar: Sempre gostei muito dele, além de inteligente e excelente profissional, o homem é lindo, gente! Pude confirmar isso ontem, vendo-o tão de perto...
Concorrem ao prêmio milhares de reportagens publicadas ao longo de uma ano, que são selecionadas por uma banca formada por especialistas com a missão de definir os finalistas. Na noite da premiação, é anunciado o ganhador. Assim como o Oscar para o cinema, as matérias podem concorrer a uma série de categorias. Mas o prêmio mais almejado é o de melhor reportagem do ano. Todas as matérias que concorrem nas diversas categorias são finalistas para o prêmio máximo.
O ganhador de 2007 foi "Adulteração de Combustível", uma matéria investigativa feita para o Jornal Nacional por César Tralli, Robson Cerântula e William Santos. Merecido. A série de reportagens mostrou o comércio ilegal de combustóiveis no país e os riscos corridos por quem abastece seu automóvel no Brasil.
A festa estava ótima, apresentada pelo excelente Ronaldo Rosas e pela Renata Vasconcellos, visivelmente contida em sua estréia como mediadora de um evento deste porte. Comida e bebida à vontade e fechamento com show do conjunto de samba Casuarina. O encontro com amigos e coleguinhas de outros veículos também valeu o ingresso.
Em determinado momento meu pensamento ficou um pouco alheio à festa e pensei em como é impressinante a quantidade de reportagens-denúncia concorrendo ao prêmio. Um dos jornalistas ganhadores, quando subiu ao palco para agradecer disse "O Brasil é uma bagunça". As matérias provam isso. Há desde máfia de funerárias que emitem atestados de óbito falsos até desmatamento indiscriminado, com contrabando de madeira para a China, na Amazônia, passando pela agressão de professores por alunos dentro das salas de aula da rede pública nacional.
Os jornalistas que se propõem a fazer este tipo de matéria-denúncia ainda por cima correm risco de vida e podem acabar da mesma forma que o saudoso Tim Lopes. A sociedade, embora reconheça essas reportagens como algo de valor, por vezes confunde a imprensa com o solucionador do problema e se volta contra quando os problemas tornam-se recorrentes. Do lado de cá, ainda existe a questão de ser limitado o número de veículos de fato dispostos a bancar uma matéria que pode colocar em risco a relação de poder com empresas, políticos ou interesses diversos.
Minhas reflexões foram longe...busquei o máximo tirar uma conclusão sobre o papel da imprensa, mas aí pensei em como é gratificante quando o reconhecimento pelo trabalho arriscado e mal remunerado chega em forma de prêmio.
Parabéns aos ganhadores, especialmente ao César Tralli - agora vou tietar: Sempre gostei muito dele, além de inteligente e excelente profissional, o homem é lindo, gente! Pude confirmar isso ontem, vendo-o tão de perto...
segunda-feira, 26 de novembro de 2007
Farofa
A dimensão do mundo e suas possíbilidades são tamanhas que me angustiam , às vezes. Por isso adoro referências. Sou plenamente consciente da total impossibilidade de conhecermos tudo o que há no universo por conta própria. Por isso sou um ser humano aberto, adoro ouvir opiniões, dicas, ser apresentada a desconhecidos, enfim...todo este preâmbulo é para tentar justificar a minha pretensão em apresentar o site do jornalista americano Seth Kugel . Fui "apresentada" a ele na noite de domingo, enquanto assistia ao meu programa de TV dominical preferido, o Manhattan Conection, do canal de TV a cabo GNT.
O cara é um barato. Jornalista freelance, escreve para várias publicações importantes, incluindo o The New York Times, adora o Brasil, fala português muito bem para quem foi criado no Bronx e tem um bom humor sensacional. Tanto que o site dele pode ser acessado também pelo endereço "aportuguesado": http://www.sitedo7.com/ Ele fez uma brincadeira com a pronúncia do nome dele aqui no Brasil, Seth virou "SETE", ou melhor: "SÉTI".
Bem, perguntaram ao Seth Kugel, ontem no programa, os motivos pelos quais ele gosta tanto do Brasil. "Em primeiro lugar, por causa da farofa. Quem inventou a farofa deveria ganhar um prêmio Nobel de culinária", respondeu o americano gente boa.
Ponto para ele.
Adoro farofa, todos meus amigos estrangeiros sempre ficam loucos quando provam a farofa e os amigos brasileiros que moram fora costumam pedir farinha de mandioca como souvenir. E eu nunca tinha parado para pensar na farofa...
Todo meu sentimento de nacionalidade, um tanto maculado pela falta de civismo nos três poderes, pode ser resgatado por causa da farofa.
O cara é um barato. Jornalista freelance, escreve para várias publicações importantes, incluindo o The New York Times, adora o Brasil, fala português muito bem para quem foi criado no Bronx e tem um bom humor sensacional. Tanto que o site dele pode ser acessado também pelo endereço "aportuguesado": http://www.sitedo7.com/ Ele fez uma brincadeira com a pronúncia do nome dele aqui no Brasil, Seth virou "SETE", ou melhor: "SÉTI".
Bem, perguntaram ao Seth Kugel, ontem no programa, os motivos pelos quais ele gosta tanto do Brasil. "Em primeiro lugar, por causa da farofa. Quem inventou a farofa deveria ganhar um prêmio Nobel de culinária", respondeu o americano gente boa.
Ponto para ele.
Adoro farofa, todos meus amigos estrangeiros sempre ficam loucos quando provam a farofa e os amigos brasileiros que moram fora costumam pedir farinha de mandioca como souvenir. E eu nunca tinha parado para pensar na farofa...
Todo meu sentimento de nacionalidade, um tanto maculado pela falta de civismo nos três poderes, pode ser resgatado por causa da farofa.
domingo, 25 de novembro de 2007
sábado, 24 de novembro de 2007
Sessão Amenidades
Dando continuidade ao projeto "temas leves para o fim-de-semana", vejam que legal o link enviado por um amigo querido. http://www.tropicalglen.com/
Lá é possível escutar as 100 músicas mais tocadas em qualquer ano de seu interesse.
Um barato.
As "Top Ten" de 1970, ano de meu nascimento, estão na lista abaixo...só há músicas internacionais no ranking.
Bem que algum internauta aficcionado por música poderia fazer um site também com os hits nacionais, não é? Ou já existe e eu não sei?
1. Bridge Over Troubled Water, Simon and Garfunkel
2. (They Long To Be) Close To You, Carpenters
3. American Woman, The Guess Who
4. Raindrops Keep Fallin' On My Head, B.J. Thomas
5. War, Edwin Starr
6. Ain't No Mountain High Enough, Diana Ross
7. I'll Be There, Jackson 5
8. Get Ready, Rare Earth
9. Let It Be, The Beatles
10. Band Of Gold, Freda Payne
Lá é possível escutar as 100 músicas mais tocadas em qualquer ano de seu interesse.
Um barato.
As "Top Ten" de 1970, ano de meu nascimento, estão na lista abaixo...só há músicas internacionais no ranking.
Bem que algum internauta aficcionado por música poderia fazer um site também com os hits nacionais, não é? Ou já existe e eu não sei?
1. Bridge Over Troubled Water, Simon and Garfunkel
2. (They Long To Be) Close To You, Carpenters
3. American Woman, The Guess Who
4. Raindrops Keep Fallin' On My Head, B.J. Thomas
5. War, Edwin Starr
6. Ain't No Mountain High Enough, Diana Ross
7. I'll Be There, Jackson 5
8. Get Ready, Rare Earth
9. Let It Be, The Beatles
10. Band Of Gold, Freda Payne
sexta-feira, 23 de novembro de 2007
Quero comer figo...
Andei muito cáustica nas últimas postagens.
Hoje é sexta-feira.
Pensei em falar sobre o absurdo da prisão da menina de 15 anos em uma cela com 20 homens no Pará.
Pensei em falar do mau desempenho da Seleção brasileira, que arrancou uma vitória sobre o Uruguai quase por obra divina.
Pensei, pensei, pensei...não quero falar sobre coisa ruim hoje.
A foto é do homem que eu considero o mais lindo do mundo. Reúne, ao meu ver, todas as principais qualidades típicas para o macho dominante, para o ideal de homem, daqueles que exalam testosterona.
Luís Felipe Madeira Caeiro Figo. Craque do futebol português.
Dica às moças casadoiras: ninguém acredita em mim, mas ao andar pelas ruas de Lisboa a gente esbarra em um tipo como o Figo em cada esquina.
Portugal é lugar de boa comida e homem bonito. Ai que me vem!
quinta-feira, 22 de novembro de 2007
Diga-me com quem andas...
"Por 44 votos a favor e 17 contra, a Comissão de Constituição e Justiça da Cãmara aprovou ontem a adesão da Venezuela ao Mercosul." Esta é a primeira frase da matéria de Eliane Oliveira, publicada hoje no jornal "O Globo".
Justificativa dos aliados do Governo para apoiar a entrada: a Venezuela é maior do que o seu presidente e não pode ficar isolada na região.
Justificativa da oposição para não querer o país comandado por Hugo Chaves no bloco: o presidente da Venezuela é um ditador.
A decisão sobre a entrada da Venezuela no Mercosul ainda passará pelo plenário da Câmara e pelo Senado. Nada está definido. Mas alguma lição fica disso, talvez a maior delas seja a dificuldade de se fazer escolhas.
Não sei em o que os países membros pretendem transformar o Mercosul.
Sei que a Rússia, de Putin, não faz parte da Comunidade Européia.
Também sei que nunca dantes em minha vida imaginei estar algum dia mais ao lado do deputado ACM Neto do que do Chico Alencar.
Justificativa dos aliados do Governo para apoiar a entrada: a Venezuela é maior do que o seu presidente e não pode ficar isolada na região.
Justificativa da oposição para não querer o país comandado por Hugo Chaves no bloco: o presidente da Venezuela é um ditador.
A decisão sobre a entrada da Venezuela no Mercosul ainda passará pelo plenário da Câmara e pelo Senado. Nada está definido. Mas alguma lição fica disso, talvez a maior delas seja a dificuldade de se fazer escolhas.
Não sei em o que os países membros pretendem transformar o Mercosul.
Sei que a Rússia, de Putin, não faz parte da Comunidade Européia.
Também sei que nunca dantes em minha vida imaginei estar algum dia mais ao lado do deputado ACM Neto do que do Chico Alencar.
terça-feira, 20 de novembro de 2007
Otimismo, uma patologia
Finalmente, a prometida postagem sobre o tema.
Li há semanas, nas páginas de ciência dos jornais, algo revelador. Cientistas descobriram que o cérebro humano é capaz de antecipar sensações de bem estar, as quais carecem de fundamento.
Trata-se da característica diferencial dos cérebros dos otimistas. Ou seja: os cientistas provaram que a maior parte dos otimistas são otimistas por natureza e sem nenhum motivo objetivo. Inclusive um dos médicos participante do estudo expôs sua perplexidade diante de pessoas cuja vida não tem nenhuma perspectiva concreta de alcançar mudanças significativas e edificantes, mas elas acreditam tanto nisso que seguem felizes.
Senti-me uma espécie digna de estudo.
O que isso tudo quer dizer? Que a vida é uma grande ilusão? A vida não faz sentido algum? Somos otimistas por instinto de sobrevivência, então? Não adianta ter fé?
Não encontrei as respostas. Apenas sei o quanto gosto de viver. Acredito na vida e tenho esperança, apesar de ter abraçado uma profissão que me obriga a deparar-me com a realidade diariamente, com todos seus revezes, com toda sua magia. Apesar de ter nascido em um país riquíssimo, mas que cultua valores de cidadania diferentes dos meus.
Amo a vida e mostro isso.
Sigo em frente, sempre motivada.
Acredito nas pessoas e na capacidade de cada um escolher o caminho do bem-estar coletivo.
Mas tudo isso é apenas por causa dos meus mecanismos neurais mais ativos, somente por causa deste meu cérebro mais irrigadinho...
Li há semanas, nas páginas de ciência dos jornais, algo revelador. Cientistas descobriram que o cérebro humano é capaz de antecipar sensações de bem estar, as quais carecem de fundamento.
Trata-se da característica diferencial dos cérebros dos otimistas. Ou seja: os cientistas provaram que a maior parte dos otimistas são otimistas por natureza e sem nenhum motivo objetivo. Inclusive um dos médicos participante do estudo expôs sua perplexidade diante de pessoas cuja vida não tem nenhuma perspectiva concreta de alcançar mudanças significativas e edificantes, mas elas acreditam tanto nisso que seguem felizes.
Senti-me uma espécie digna de estudo.
O que isso tudo quer dizer? Que a vida é uma grande ilusão? A vida não faz sentido algum? Somos otimistas por instinto de sobrevivência, então? Não adianta ter fé?
Não encontrei as respostas. Apenas sei o quanto gosto de viver. Acredito na vida e tenho esperança, apesar de ter abraçado uma profissão que me obriga a deparar-me com a realidade diariamente, com todos seus revezes, com toda sua magia. Apesar de ter nascido em um país riquíssimo, mas que cultua valores de cidadania diferentes dos meus.
Amo a vida e mostro isso.
Sigo em frente, sempre motivada.
Acredito nas pessoas e na capacidade de cada um escolher o caminho do bem-estar coletivo.
Mas tudo isso é apenas por causa dos meus mecanismos neurais mais ativos, somente por causa deste meu cérebro mais irrigadinho...
segunda-feira, 19 de novembro de 2007
Salve, lindo pendão da esperança.
Hoje é dia da Bandeira.
Deve fazer apenas uns 10 anos desde que o nós brasileiros passamos a ter um pouco mais de orgulho de nossa flâmula verde, amarela, azul e branca. De uns tempos para cá, passamos a exibí-la com mais freqüência e não apenas durante os jogos da Seleção de futebol. Atualmente é possível ver broches, bolsas, cangas de praia, camisetas de marca e algumas outras indumentárias circulando com todo o tipo de gente, pelas ruas das cidades Brasil afora.
Sempre acreditei que cultuar o patriotismo era o primeiro passo para tirar o Brasil dessa espécie de "orgulho às avessas", como cunhou o célebre Nelson Rodrigues. A partir do momento que deixássemos de dar foco somente às mazelas, passaríamos mais rápido ao caminho que leva à ordem a ao progresso de uma nação. O meu otimismo – olha o otimismo aí de novo, continuo devendo a postagem sobre o tema – ululava ao passar em frente às vitrines do Gilson Martins e ver a profusão de bolsas e acessórios, todos sempre em alusão à pátria, ou mesmo ao ver os chinelinhos Havaianas, tão bonitinhos com as bendeirinhas brasileiras.
Mas aí, a realidade me puxa de volta. Há milhares de brasileiros privilegiados, usufruindo de mordomias absurdas em cargos públicos. Matéria espec8ial do jornal O Globo, que começou na edição de ontem. Não chega a ser corrupção, e para mim isso é o pior. São, digamos, "direitos" que alguns cargos de confiança do serviço público oferecem. Estes direitos, pagos com o dinheiro do contribuinte, vão desde enxoval da casa – com copos de cristal e fio de ouro – até auxílio moradia no valor de R$ 3 mil reais. Além de carros de luxo, blindados , é claro. O mais triste para mim foi ver que as estatísticas indicam que a mordomia de alastrou de 2002 até 2007, ou seja, o governo mais de esquerda, que se vendeu como o mais próximo do povo, foi o que mais abriu a guarda para este tipo de regalia constitucionalizada.
Acho isso uma tremenda bandeira do atual governo. Falta, ao me ver, patriotismo aos ocupantes destes cargos. Eles deveriam ser os primeiros a dar exemplo de austeridade.
Tento vencer a tristeza com o que há de bom por aqui. Despeço-me com alguns versos de Olavo Bilac, autor do Hino à Bandeira, junto com Francisco Braga.
"Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!"
Deve fazer apenas uns 10 anos desde que o nós brasileiros passamos a ter um pouco mais de orgulho de nossa flâmula verde, amarela, azul e branca. De uns tempos para cá, passamos a exibí-la com mais freqüência e não apenas durante os jogos da Seleção de futebol. Atualmente é possível ver broches, bolsas, cangas de praia, camisetas de marca e algumas outras indumentárias circulando com todo o tipo de gente, pelas ruas das cidades Brasil afora.
Sempre acreditei que cultuar o patriotismo era o primeiro passo para tirar o Brasil dessa espécie de "orgulho às avessas", como cunhou o célebre Nelson Rodrigues. A partir do momento que deixássemos de dar foco somente às mazelas, passaríamos mais rápido ao caminho que leva à ordem a ao progresso de uma nação. O meu otimismo – olha o otimismo aí de novo, continuo devendo a postagem sobre o tema – ululava ao passar em frente às vitrines do Gilson Martins e ver a profusão de bolsas e acessórios, todos sempre em alusão à pátria, ou mesmo ao ver os chinelinhos Havaianas, tão bonitinhos com as bendeirinhas brasileiras.
Mas aí, a realidade me puxa de volta. Há milhares de brasileiros privilegiados, usufruindo de mordomias absurdas em cargos públicos. Matéria espec8ial do jornal O Globo, que começou na edição de ontem. Não chega a ser corrupção, e para mim isso é o pior. São, digamos, "direitos" que alguns cargos de confiança do serviço público oferecem. Estes direitos, pagos com o dinheiro do contribuinte, vão desde enxoval da casa – com copos de cristal e fio de ouro – até auxílio moradia no valor de R$ 3 mil reais. Além de carros de luxo, blindados , é claro. O mais triste para mim foi ver que as estatísticas indicam que a mordomia de alastrou de 2002 até 2007, ou seja, o governo mais de esquerda, que se vendeu como o mais próximo do povo, foi o que mais abriu a guarda para este tipo de regalia constitucionalizada.
Acho isso uma tremenda bandeira do atual governo. Falta, ao me ver, patriotismo aos ocupantes destes cargos. Eles deveriam ser os primeiros a dar exemplo de austeridade.
Tento vencer a tristeza com o que há de bom por aqui. Despeço-me com alguns versos de Olavo Bilac, autor do Hino à Bandeira, junto com Francisco Braga.
"Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!"
sexta-feira, 16 de novembro de 2007
"Um dia de chuva...
...é tão belo quanto um dia de sol.
Ambos existem; cada um como é"
Este é um trecho de "Poemas Inconjuntos", de Alberto Caeiro, um dos pseudônimos do poeta português Fernando Pessoa.
Aprendi a gostar de chuva ainda criança, quando minha mãe me explicava o sentido da natureza para aquelas gotas que caíam do céu, geralmente responsáveis por estragar os melhores programas do fim-de-semana.
Sou uma exceção no Rio: adoro dias chuvosos e confesso não entender bem a aversão do carioca à chuva. É claro que não me refiro a quem a essa hora está abrigado debaixo de um viaduto ou em um casebre pendurado em cima de um dos tantos morros da cidade, rezando para a encosta não deslizar. Falo do carioca médio, como eu, provavelmente como você, que sempre teve casa, cobertas, três refeições por dia e chuveiro com água quente. Por que tamanha repulsa aos dias chuvosos?
"O Rio de Janeiro não combina com chuva" já virou lugar-comum mas eu não acredito nesta afirmação, justamente porque me parece tirar um pouco da essência criativa da alma carioca.
As chuvas nessa época não vêm acompanhadas de muito frio. Colocar um sapato fechado, abrir um guarda-chuva colorrido e andar um pouquinho por aí pode ser uma experência bem agradável. Ficar em casa olhando a chuva cair da janela, visitar os amigos, namorar ou abrir aquela garrafa de vinho guardada há meses são pequenos luxos que alguns podem se dar. Fora abrir o velho livro do Pessoa para se inspirar e escrever essas bobagens...qualquer coisa pode ser melhor do que reclamar da chuva.
A exuberância e intensidade do sol carioca precisam ceder espaço a chuvas ocasionais. Aproveitemos para recarregar as baterias para o verão, já tão próximo.
Ambos existem; cada um como é"
Este é um trecho de "Poemas Inconjuntos", de Alberto Caeiro, um dos pseudônimos do poeta português Fernando Pessoa.
Aprendi a gostar de chuva ainda criança, quando minha mãe me explicava o sentido da natureza para aquelas gotas que caíam do céu, geralmente responsáveis por estragar os melhores programas do fim-de-semana.
Sou uma exceção no Rio: adoro dias chuvosos e confesso não entender bem a aversão do carioca à chuva. É claro que não me refiro a quem a essa hora está abrigado debaixo de um viaduto ou em um casebre pendurado em cima de um dos tantos morros da cidade, rezando para a encosta não deslizar. Falo do carioca médio, como eu, provavelmente como você, que sempre teve casa, cobertas, três refeições por dia e chuveiro com água quente. Por que tamanha repulsa aos dias chuvosos?
"O Rio de Janeiro não combina com chuva" já virou lugar-comum mas eu não acredito nesta afirmação, justamente porque me parece tirar um pouco da essência criativa da alma carioca.
As chuvas nessa época não vêm acompanhadas de muito frio. Colocar um sapato fechado, abrir um guarda-chuva colorrido e andar um pouquinho por aí pode ser uma experência bem agradável. Ficar em casa olhando a chuva cair da janela, visitar os amigos, namorar ou abrir aquela garrafa de vinho guardada há meses são pequenos luxos que alguns podem se dar. Fora abrir o velho livro do Pessoa para se inspirar e escrever essas bobagens...qualquer coisa pode ser melhor do que reclamar da chuva.
A exuberância e intensidade do sol carioca precisam ceder espaço a chuvas ocasionais. Aproveitemos para recarregar as baterias para o verão, já tão próximo.
quinta-feira, 15 de novembro de 2007
Luiz Inácio falou...
... que não há exagero na desqualificação que Hugo Chaves, presidente da Venezuela, fez ao ex-primeiro ministro espanhol José Maria Aznar, na última reunião da cúpula hibero-americana. O rei Juan Carlos perdeu a linha, mas Luiz Inácio considera normal haver divergências, afirmando que o caso só ganhou repercussão porque foi o rei quem se manifestou. Luiz Inácio também avisou que não há falta de democracia na Venezuela. Chegou a comparar a articulação para o terceiro mandato de Hugo Chaves ao sistema parlamentarista britânico. Não houve exagero no discurso de Chaves. Não há falta de democracia na Venezuela. Bons tempos aqueles em que Luiz Inácio só falava que havia 300 picaretas com anel de doutor no Congresso Nacional.
Hoje a República faz 118 anos e eu só queria dizer uma única coisa ao representante máximo da república nacional: "?Porque no te calas"
Hoje a República faz 118 anos e eu só queria dizer uma única coisa ao representante máximo da república nacional: "?Porque no te calas"
quarta-feira, 14 de novembro de 2007
Pra começar...
"As pessoas são loucas e isso explica o mundo, Ana Paula. Todo dia me levanto, me olho no espelho e falo esta frase. Isso me faz feliz porque jmais me decepciono com ninguém. Apenas me surpreendo positivamente com quem age de forma normal", disse-me certa vez um grande amigo (que não cito o nome por não saber se ele quer ser revelado). Durante muitos anos esse foi o meu mantra: 'As pessoas são loucas e isso explica o mundo'. De fato acreditar nisso torna a vida mais fácil. Mas quem disse que eu quero facilidade? Como sou uma otimista incurável – sobre otimismo vale uma outra postagem, aguardem –resolvi mudar o mantra fatalista. Agora meu mantra é : o mundo é mágico. Inspirado em um livro que ganhei de presente do mesmo amigo do mantra inicial...'O Mundo é Mágico' está na capa do livro de quadrnhos 'O Mundo é Mágico: As Aventuras de Calvin & Haroldo', por Bill Waterson. Acrediar que o mundo é mágico também evita decepções...agora quando alguém pisa na bola feio comigo, a imagino logo a se metamorfosar e virar um monstro babão, no melhor estilo Calvin & Haroldo...tem dado certo...o problema é ter que controlar o riso de vez em quando...
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