quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Prêmio Embratel,ou, A César o que é de César

Acabo de chegar da cerimônia de entrega do Prêmio Imprensa Embratel , realizada no Canecão, tradicional casa de shows da cidade do Rio de Janeiro. O prêmio Embratel é hoje, junto com o Prêmio Esso, o mais importante prêmio jornalístico do país, uma espécie de Oscar para os jornalistas brasileiros.

Concorrem ao prêmio milhares de reportagens publicadas ao longo de uma ano, que são selecionadas por uma banca formada por especialistas com a missão de definir os finalistas. Na noite da premiação, é anunciado o ganhador. Assim como o Oscar para o cinema, as matérias podem concorrer a uma série de categorias. Mas o prêmio mais almejado é o de melhor reportagem do ano. Todas as matérias que concorrem nas diversas categorias são finalistas para o prêmio máximo.

O ganhador de 2007 foi "Adulteração de Combustível", uma matéria investigativa feita para o Jornal Nacional por César Tralli, Robson Cerântula e William Santos. Merecido. A série de reportagens mostrou o comércio ilegal de combustóiveis no país e os riscos corridos por quem abastece seu automóvel no Brasil.

A festa estava ótima, apresentada pelo excelente Ronaldo Rosas e pela Renata Vasconcellos, visivelmente contida em sua estréia como mediadora de um evento deste porte. Comida e bebida à vontade e fechamento com show do conjunto de samba Casuarina. O encontro com amigos e coleguinhas de outros veículos também valeu o ingresso.

Em determinado momento meu pensamento ficou um pouco alheio à festa e pensei em como é impressinante a quantidade de reportagens-denúncia concorrendo ao prêmio. Um dos jornalistas ganhadores, quando subiu ao palco para agradecer disse "O Brasil é uma bagunça". As matérias provam isso. Há desde máfia de funerárias que emitem atestados de óbito falsos até desmatamento indiscriminado, com contrabando de madeira para a China, na Amazônia, passando pela agressão de professores por alunos dentro das salas de aula da rede pública nacional.

Os jornalistas que se propõem a fazer este tipo de matéria-denúncia ainda por cima correm risco de vida e podem acabar da mesma forma que o saudoso Tim Lopes. A sociedade, embora reconheça essas reportagens como algo de valor, por vezes confunde a imprensa com o solucionador do problema e se volta contra quando os problemas tornam-se recorrentes. Do lado de cá, ainda existe a questão de ser limitado o número de veículos de fato dispostos a bancar uma matéria que pode colocar em risco a relação de poder com empresas, políticos ou interesses diversos.

Minhas reflexões foram longe...busquei o máximo tirar uma conclusão sobre o papel da imprensa, mas aí pensei em como é gratificante quando o reconhecimento pelo trabalho arriscado e mal remunerado chega em forma de prêmio.

Parabéns aos ganhadores, especialmente ao César Tralli - agora vou tietar: Sempre gostei muito dele, além de inteligente e excelente profissional, o homem é lindo, gente! Pude confirmar isso ontem, vendo-o tão de perto...

Um comentário:

Ronalldo Rosas - disse...

Ana,

Muito obrigado pelo elogio ao nosso trabalho.
Um novo ano de muita luz e prosperidade.

Beijos premiados,

Ronaldo Rosas