"Prostituição é mais antiga que o ser humano"
Este é o título de uma das retrancas de hoje nas páginas do caderno de ciências do jornal "O Globo". Pesquisadores (ah, os pesquisadores...como deve ser divertido ser um profissional da área científica) descobriram que fêmeas de uma espécie de macacos da Indonésia trocavam sexo por cafuné.
Claro que nos agrupamentos humanos isso também faria sentido, embora jamais associássemos sexo por cafuné como prostituição. É preciso contextualizar a notícia: cafuné, entre a macacada, é moeda valorizadíssima. Tão bem cotada quanto a libra esterlina para nós.
Outro ponto levantado pela pesquisa é como a 'lei de mercado' impera também na natureza. Segundo os biológos, quando há mais fêmeas que machos, são concedidos oito minutos de cafuné antes do acasalamento. Quando no grupo há fêmeas em menor quantidade, o tempo de cafuné pode dobrar!
A matéria destaca ainda a origem da pesquisa que leva a crer que determinados comportamentos sexuais, comparáveis à prostituição, começaram a acontecer entre os primatas. Segundo a reportagem, o interesse pela pesquisa foi despertado pela tese do biólogo Robert Trivers, sobre a evolução do altruísmo recíproco. A teoria defende que participantes de uma relação podem obter vantagens mútuas, se coperarem.
Adoro as páginas de ciência dos jornais. Sempre há questões curiosíssimas. Fico imaginando o desprendimento que um cientista sério precisa ter para estudar determinados comportamentos ou acontecimentos. Deve ser barra falar de sua pesquisa em uma roda de amigos, deve ser impossível não ser alvo de chacota e deve ser preciso ter um controle absurdo para se levar a sério alguns eventos bizarros que precisam ser avaliados, em prol do avanço do conhecimento.
Como eu não sou cientista, posso me dar ao luxo de me divertir com as matérias sobre ciência. O jornalista Ruy Castro (autor , dentre outros, das biografias de Garrincha e de Nelson Rodrigues) publicou um livro chamado "Amestrando Orgasmos". Recomendo. Um dos mais engraçados que já li na vida. Lembro-me de dar gargalhadas com este livro certa vez na sala de espera de um consultório. Situação constrangedora, ainda mais quando observava as pessoas tentando ler o título...
Por qual motivo citei o livro? Ah, porque o autor parte dessas notas publicadas em cadernos de ciência para escrever grande parte das crônicas contidas ali. Com capacidade brilhante, Ruy Castro descreve suas sensações e considerações quando deparado a notícias, no mínimo, pitorescas...
Uma delícia de leitura. Vale por 16 minutos de cafuné.
2 comentários:
Que mensagem interessante... E pior, que é mesmo verdade... Também o Reino Unido esta cheio dessas "macacas"! E olha que não são apenas indonésias!!!
Oi Ana,
Estou viciada no seu blog... Quero mais posts... bjs
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