domingo, 14 de dezembro de 2008

Engraçadinha

Na despedida o amigo brada:
- Você não pode ir embora, Ana Paula.
Eu pergunto por que e a resposta vem sem cerimônia:
- Porque você é engraçada!!!!
Não que eu já não soubesse disso de alguma forma, mas me causou certa surpresa. Ainda tive certa presença de espírito de fazer piadinha idiota:
- Você vai me pagar couvert artístico se eu ficar? Não? Então vou embora mesmo...

Agora, vamos às reflexões - algumas doses de ‘mojito’ ajudam no processo:
A vida inteira ouvi que eu sou engraçada. Desde criança. Na escola. No trabalho. Faculdade. Grupo social. Família. Amigos. Amores. Todos riem comigo. Mas eu não sei se gosto disso. Sim eu tenho humor. Sou boba, de pai e mãe. Lá em casa sempre se teve por hábito fazer piada da gente mesmo, nunca nos levamos a sério demais. Acredito no humor e no riso como uma forma de impor uma visão crítica à vida e aos seus acontecimentos. Desde os mais banais, até os mais contundentes. Mas agora, não sei bem o motivo, causou desconforto. Me vejo ‘encucada’ com o comentário do amigo. Sei lá, queria ser agradável, inteligente, charmosa, boa companhia, qualquer coisa, menos ‘engraçada’.

Deve ser a idade...

Quando mais nova, ainda estudante de teatro e jornalismo, precisei fazer um trabalho sobre o riso e a comédia na história da dramaturgia. Foi quando tive um encontro inesquecível com o “ Tratado do riso”, escrito pelo filósofo e pensador de Laurent Joubert , no século XVI. O livro era difícil de encontrar, apenas na rica biblioteca da UniRio, na Urca, encontrei nem bem um exemplar, mas uma cópia autorizada. Passei bons momentos coma publicação. Acabei fazendo um trabalho que me valeu um 10 e ainda foi lido pela professora de Teoria do Teatro em uma turma mais adiantada da faculdade de artes cênicas da UniRio.

Não me lembro de muita coisa, mas recordo-me perfeitamente da comparação feita pelo autor entre a motivação do choro e a do riso. Ele defende que ambos têm a mesma origem, apenas são desencadeadas de forma diferente. Ambas são explosões incontroláveis e causadoras de alívio, indispensáveis no objetivo fim da dramaturgia: a catarse.

Trazendo para minha vida atual, me parece que a ‘bipolaridade’ das emoções causadoras do riso e do choro fazem sentido. Eu não sei por que me acham engraçada, se às vezes eu me acho
triste como um fado caprichado de solos de guitarra portuguesa...

Bateu uma melancolia e estou torcendo que seja apenas pelo alto volume de álcool em circulação no momento em meu sistema sangüíneo...

2 comentários:

Tavinho disse...

Mesmo com estes defeitos, vc será sempre muito linda!!!!!
A Paxtcovitvz, não chega a seus pés....Estou com saudades de vc
Bjs
LINDA!!!!!

Tavinho....vascaíno e portelense

Dona Mondelo disse...

Ser engraçada é ser necessária! E isso é quase tudo que um ser humano pode querer. Orgulhe-se muito disso! Tem gente que n"ao consegue... nem tentando. :-)
Saudade!
Bjs