terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Inevitável Machado de Assis


2008. Centenário da morte de Joaquim Maria Machado de Assis, o maior escritor brasileiro. Na minha opinião e na de muitos - bem mais nobres e validados que eu.


Costumo refletir sobre quais seriam os critérios para definir um grande escritor, ou uma obra literária genial. Como uma apreciadora da leitura em qualquer circunstância, acabei criando uma teoria, que nada traz de edificante à humanidade, mas funciona para mim como um indicador de qualidade. Trata-se da capacidade de descrever uma situação, coisa ou pessoa com precisão. Precisão a ponto de surpreender. Precisão que leva à reflexão. Precisão que faz emocionar de tão real, de tão bem traduzida em palavras o amorfo dos sentimentos.


Afinal, parafraseando Nelson Rodrigues "Só os profetas enxergam o óbvio".


Um livro, para mim, só é excelente quando prima, página após página, por trechos marcantes, inesquecíveis, daqueles que fazem a gente ter vontade de sublinhar (sim, eu sublinho livros).


Fiz todo este preâmbulo não apenas porque Machado é o autor de "Dom Casmurro" e esse foi um dos dez mais da minha vida. Nem pelo fato de Capitu ser um dos pesonagens femininos mais fortes da literatura nacional. Não. O que me fez chegar em casa em um dia de folga, abrir o computador e colocar o teclado para funcionar, foi ter ido ver a exposição "Machado no lugar", em cartaz até o dia 20 de dezembro, na Estação de Metrô do Largo da Carioca, Centro do Rio de Janeiro. O horário da exposição é de 9:30 às 21:30 e não se paga nada para entrar.


Poderia ser uma exposição como outra qualquer, não fosse a genialidade de Machado e a sensibilidade de quem a concebeu. Os textos de Jô Galazi, aliados à criatividade do design de Ricardo Gomes, unem-se em a harmonia perfeita, difícil de se ver em outras realizações. A arrumação é simples. Esse é talvez o maior mérito: como filosofou Leonardo DaVinci "A simplicidade é a sofisticação máxima"


E é pela simplicidade que a viagem pelo rico universo machadiano conquista o visitante. A exposição "Machado no lugar" não é só bonita. Ela traz movimento a quem a visita. Impossível não sair de lá sem sentir vontade de ler toda a obra de Machado Assis. E só por isso, como disse minha mãe, mestre em Literatura Brasileira e que me acompanhou na visita, "Só por despertar nas pessoas a vontade de ler, e a vontade de ler Machado, a exposição já vai além de seu papel. Além de engrandecimento cultural, presta praticamente um serviço à sociedade".


A minha teoria sobre genialidade se encaixa perfeitamente no caso da exposição: precisa.

E por ser precisa, é também inesquecível.


Vá até a estação mais próxima, pegue o metrô, salte na Carioca e dê lugar na sua vida para Machado de Assis.

Lê-lo será inevitável depois de "Machado no lugar"

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