sábado, 28 de junho de 2008

Programa de Domingo
















Ele não é , digamos, nenhum forte candidato ao troféu 'Testosterona de Ouro', criado por esta blogueira. A carinha de menino desprotegido o desclassifica para concorrer ao prêmio. Em compensação...Ah!, em compensação!!!





Tem boquinha carnuda, nariz de batata no melhor estilo Matt Damon, olhos verde-oliva e olhar de Tsunami (já que de ressaca é pouco).
Além do corpo de atleta, compsto pela força e estrutura típicas da genética - e das montadoras - alemã. Se fosse um carro, ele certamente seria um BMW. Pele morena e cabelinho de garoto rebelde, meio sem corte, completam o quadro inspirador aos mais profundos suspiros femininos.
Assim é Michael Ballack, o meia da seleção de futebol da Alemanha, que disputa amanhã a final da Eurocopa contra a seleção da Espanha.




Vale a pena ligar a TV para assistir ao futebol, só para passar algumas horinhas do domingo com ele...

sexta-feira, 27 de junho de 2008

O legado do Kasato-Maru

Em 18 de junho de 1908 chegava ao Brasil o primeiro navio com imigrantes japoneses. O 'Kasato-Maru' saiu de terras japonesas em 28 de abril daquele ano e quase dois meses depois chegava ao porto de Santos, para sorte da Pátria Amada, idolatrada, salve, salve!

Independente de quais sejam suas origens, independente de você gostar ou não de sushi, independente de ter visto ou não os desenhos animados (mangás) na sua infância ou de ter torcido ou não pelo Ultraman ou pelo Nacional-kid, não perca a exposição "Nippon - 100 anos de Imigração Brasil -Japão", em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, até dia 13 de julho.

Em primeiro lugar, porque é emocionante toda história de um povo que larga sua terra natal em busca de oportunidades em outros lugares, por vezes adversos. Chorei feito um bebê, logo na entrada, ao ver uma foto enorme de uma representação de Buda em pedra (mas a culpa não foi do Buda, e sim das minhas origens lusitanas que adoram verter umas lágrimas…).

Depois, na sala dedicada aos samurais, a exposição já se faz valer pelo ensinamento da cultura milenar oriental. Percorrer os quadros e os objetos ali expostos é o suficiente para arrancar da alma o princípio japonês do Intinen Sanzen - que significa a unicidade entre o meio e o homem.

A maior lição está na descrição da essência de um samurai, o mais poderoso dos guerreiros em toda história da humanidade. Para ser um samurai, conta a história japonesa, era preciso muito mais do que simplesmente saber erguer uma espada com maestria. O preparo psicológico e moral prevaleciam. Antes de receber a espada definitiva de um guerreiro samurai, eram necessários treinamento e disciplina suficientes para se absorver por completo o rígido código de conduta samurai, o chamado Bushidô, que numa tradução livre quer dizer 'Caminho do Guerreiro'.

Os sete princípios básicos do Bushidô são: justiça, coragem, compaixão, cortesia, sinceridade, honra e lealdade.

Estes princípios, previamente difundidos pela arte marcial dos samurais, impregnaram-se na cultura japonesa e praticamente foram absorvidos pelo DNA daquele povo. Isso explica, por exemplo, porque ainda é comum casos de suicídio de corruptos na Terra do Sol Nascente.

Em 100 anos de influência, o Brasil já adquiriu muita coisa interessante dos japoneses, o hábito de comer salada é só um deles.

Que leve mais 100 anos, mas que um dia os poderosos princípios seguidos pelos samiurais, que na verdade deveriam ser tão básicos para a humanidade em geral, façam parte da cultura brasileira também.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Eu quero lutar, mas não com essa farda

O título do post é o verso de uma música do conjunto de rock Ira!, sucesso dos anos 80, década marcada pelo estouro dos rock Brasil e também pelo apagar das luzes da ditadura militar.

Depois que a ditadura acabou, as forças armadas andaram meio sem saber qual era a parte que lhes cabia neste latifúndio chamado Brasil, recém-adentrado no processo democrático.

Depois de mais de quase 20 anos de democracia, eu juro que achei que as forças-armadas estavam renovadas, sem o ranço truculento dos anos de chumbo.

Aí o rio vira novamente as manchetes nacionais, com o caso dos três moradores do Morro da Providência, mortos com a ajuda do Exército, por traficantes do Morro da Mineira, rival da Providência na guerra do tráfico de drogas carioca.

A rua onde trabalho fica ao lado do Morro da Providência.
Em dezembro de 2007, eu saia do trabalho com um colega de redação. Passamos ao largo da subida do morro. Avistei os caminhões do Exército despejando dezenas de soldados com seus uniformes camuflados e fuzis nas mãos. O objetivo: vigiar obras patrocinadas pelo senador Marcelo Crivella, com verba do Ministério das Cidades. Na ocasião, comentei que a presença do Exército na comunidade não daria certo. Cedo ou tarde, alguma bomba iria estourar, afinal, pelo que me consta, o papel do Exército é lutar pela soberania nacional e não 'proteger' operários que trabalham em obras nas favelas. Aliás, para a mesma instituição que em 1988 matou três operários em greve na Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda, o atual apreço pela classe operária chega a ser comovente.

Não concordo com o porta-voz do Exército, que disse que o caso dos três rapazes entregues ao tráfico do morro inimigo seja um 'fato isolado', de maus profissionais. O fato é conseqüência pura e simples da sucessão de erros da adminsitração pública, que ainda não aprendeu que os soldados, cabos e oficiais de Exército, Marinha e Aeronáutica são treinados para a guerra. Qualquer missão, portanto, que seja a eles designada, será tratada com a preparação e o aprendizado de combatentes em missão de guerra.

Independente de os três rapazes serem ou não pessoas de bem, isso não vem ao caso no momento. O que vem ao caso é que, na guerra, quem faz oposição é o 'inimigo'. E inimigo, na concepção deles, é mesmo para aparecer morto nas 'trincheiras' dos aterros sanitários de Gramacho ou de qualquer outro lugar...

Só esqueceram de medir os efeitos desta estratégia de guerra burra e desumana.Cada vez que um episódio envolvendo Forças Armadas e covardia acontece, me remete imediatamente ao ranço da ditadura militar, ocasião na qual mandos e desmandos da caserna prevaleciam sobre a justiça.

Ninguém está se sentindo mais seguro com a presença do exército por aqui. Pelo contrário, eles se recusam a sair - é claro, isso seria reconhecer a 'derrota' - e agora, aumentou o risco de quem mora ou trabalha nas adjacências do Morro da Providência.E é claro que se amanhã ou depois outras pessoas forem mortas, feridas ou queimadas em ônibus, será apenas 'mais um ato isolado' para as autoridades militares.

Eu quero lutar pela presença do Estado em locais carentes, a fim de evitar ocupação do tráfico, de milícias ou de forças armadas truculentas.

Pensemos nisso na hora de eleger os prefeitos: que o Estado ocupe os morros com saúde, educação e lazer e não com a farda da violência.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Sexo & Amizade

A mulherada se reúne, os assuntos são diversos: a bolsa nova comprada por R$ 20, o novo regime, o cabelo da Mariana Ximenes, a proximidade da estréia do filme "Sex and the city', o Dia dos Namorados chegando, o Fluminense na final da Libertadores, a beleza máscula do Palermo, as belas mãos e braços fortes do tricolor Washington. Não falta pano para manga aos colóquios femininos...

Determinado momento, o assunto descamba para o sexo. As comprometidas comentam os altos e baixos sexuais que os namoros duradouros e casamentos enfrentam. As solteiras falam do 'mercado', das dificuldades e facilidades de encontrar uma boa fonte de prazer materializada em um corpo masculino.

Há aquela que sentem dificuldade porque , experiente, não aguenta a falta de traquejo e sensibilidade dos homens atualmente. "Gente, até para sexo casual é preciso um pouco de sedução. Tá difícil. Nego já entra matando. Nem acho isso ruim, se o cara se garantisse na performance, mas não tem sido o caso", reclama.

Outra reclamação constante das solteiras é que os homens partem do pressuposto que a mulher quer compromisso, logo, para não criar nnehuma 'jurisprudência', adoram trepar e sumir por duas semanas. "Essa fobia de não criar vínculo tá virando histeria masculina. Eles deveriam entender que nem sempre a gente quer compromisso também. Desnecessárias certas atitudes, como a de não ligar no dia seguinte ou sumir", completa outra amiga da liga das disponíveis." Isso já é falta de educação. O problema de educação no país se reflete nas relações eróticas também", filosofa outra amiga, que nem está solteira.

"Gente, a solução para isso é transar com amigo. Eu já transei com todos os meus amigos e tem sido ótimo. Continuamos amigos." A frase da solteira descolada cai que nem uma bomba na mesa. Muitas concordam. Tem uma amiga que define este tipo de amizade de Fonte de Foda Fixa (ou FFF, na sigla em português).

Sou a primeira a questionar. Separo muito bem o que é amizade do que é relacionamento sexual, seja ele casual, fixo, alternativo, constante ou comprometedor. Nunca consegui fazer sexo com nenhum amigo. Alguns FFF até viraram amigos, depois que a atração (para não dizer tesão) se esgostou.

Não é preconceito. Acho que é bloqueio mesmo. Meu instinto de sobrevivência não permite, por exemplo, ouvir o homem com quem gosto de ir para cama falar de outras mulheres ou contar confidências sobre sua vida pregressa - ou futura. Para mim não dá.

Dizem ainda que os homens não conseguem ter amigas mulheres. Uma frase bem canalha, que já ouvi de um amigo macho-dominante, foi "Claro que consigo ter amizade com mulheres, se elas forem feias. Mulher bonita eu até levo uma amizade, mas se um dia ela der uma brecha, ah...eu vou tentar levar é para cama".

Muita teoria sobre o tema Sexo & Amizade discorreu noite adentro. Estou refletindo até agora a respeito de algumas destas teorias, que segundo estudos nada científicos, permeiam as relações entre homens e mulheres. Uma das amigas disse que, por exemplo, se você convida um amigo homem para ir a uma festa contigo, ele vai ter certeza que você quer 'dar' para ele. Fiz enquete com alguns homens e eles disseram que não, não vão pensar isso. Falaram eles a verdade?

Confesso que conto nos dedos os meus amigos homens que ainda estão solteiros, mas posso garantir que nunca pensei em fazer sexo com nenhum deles. Ou melhor, até pensei, mas não consegui imaginar. Aliás, eu tenho um verdadeiro bloqueio com quem sou a fim. Não consigo chamar para sair, nem ligar para saber como vai, muito menos pedir carona ou convidar para um chopp ou festa nenhum homem por quem me sinta atraída. Na minha concepção machista, talvez, eu acho que homem quando está a fim de você parte para cima. Por isso , se estou a fim, espero a iniciativa masculina. Dou os recados, procuro ser sutil, mas se o cidadão não entender, a tendência será o zero a zero mesmo.

Voltando ao papo. Em determinado momento eu comecei a lembrar dos meus amigos homens. Então, falei de alguns que a maioria não conhecia. Uma parte da mesa me incentivava a pensar melhor, ver se os amigos realmente nãopoderiam ser promovidos a FFF. Disseram para eu abrir a guarda. "Você tem que experimentar", estimulavam as amigas partidárias do Sexo & Amizade.

Até que, em determinado momento, falei o nome de um amigo que a mesa toda conhecia: "Gente, não consigo me imaginar transando com o fulano, por exemplo". Pausa. Silêncio. Olhares espantados. Até que uma das amigas, que por sinal é comprometida, solta "Ah, Ana PAula, só você não consegue se imaginar transando com o fulano. Eu consigo me imaginar, essa mesa toda consegue se imaginar, a torcida do Flamengo consegue se imaginar. Fulano é tudo de bom!". Ecoam gargalhadas de aprovação. A cara de espanto passa a ser minha.

Sexo & Amizade podem conviver em harmonia? "E se o amor chegar, de nós , de algum lugar, com todo seu tenebroso esplendor?", como questiona a música de autoria de Caetano Veloso, interpretada divinamente por Maria Bethania???

Será que está na hora de eu rever meus conceitos?...

terça-feira, 3 de junho de 2008

Deixa Sair

Aviso aos mais sensíveis, não leiam o texto a seguir.
O tema é escatologia.

Mas eu recebi o release da assessoria de imprensa da editora Matrix, que promove o lançamento do livro entitulado:O Que Seu Cocô Está Dizendo a Você? Montes de fatos importantes sobre a sua saúde (Matrix Editora, 96 páginas).

Os autores, Josh Richman e o Dr. Anish Sheth conheceram-se quando ambos ainda eram estudantes na Brown University, e a fascinação que compartilhavam pela imensa diversidade e variedade do cocô levou-os a escrever, juntos, o livro. Josh detém um grau de mestrado em Administração de Empresas, obtido pela Universidade Stanford, e mora na região da Baía de São Francisco. Já Anish obteve seu bacharelado em Medicina pela Brown University e é, atualmente, um gastrenterologista residente na Escola de Medicina da Universidade de Yale. Ele mora em Connecticut

O release defende que o livro mostra que para saber como está seu organismo basta olhar para o vaso sanitário. Veja a abertura do texto na íntegra:
"Já reparou que, cada vez que você vai ao banheiro, o famoso “número 2” sai de um jeito diferente?Para explicar o que anda acontecendo no seu trato digestivo e ainda elucidar diversas outras dúvidas sobre o assunto está sendo lançado O livro mostra o que cada formato diferenciado tem a ver com o nosso tipo de alimentação e tempo disponível para estar no banheiro, entre outros fatores.Revela também por que os banheiros dos locais de trabalho sempre ficam lotados logo depois da hora do almoço, explica o que faz o cocô flutuar, diz se é normal ir ao banheiro três vezes por dia, quais os alimentos mais gordurosos, quais os que causam mais gases. Tudo de uma maneira bem-humorada e muito informativa".

Achou nojento? Pois saiba que a medicina natural considera fundamental a análise das fezes para checar algumas das anomalias da natureza humana. Também a medicina alopata não descarta os excrementos humanos. O exame de fezes ainda é um dos primeiros a ser solicitado em check-ups tradicionais, junto com urina e sangue.

Também para quem não acompanha a vida cultural do País, o excêntrico diretor de teatro José Celso Martinez Corrêa já reverenciou os chamados 'humores' humanos em uma de suas peças, na qual mostrava pessoas fazendo cocô, xixi e até se masturbando.

No livro "Deixa sair', da Sônia Hirsch, o primeiro parágrafo conta a história de uma senhora que passava muito mal há anos, mas um chá poderoso que a fez soltar sonoros e contínuos gases a curou.

Lembremos ainda que, no caso da ejaculação, o corpo humano expele um elemnto vital para a continuidade da espécie humana.

Não sei porque comecei a escrever sobre isso, talvez porque a Bolsa de Valores esteja em queda e recebi o release no meio do 'expediente'. Aí tomei primeiro um susto. Lembrei de que são feitos os adubos das plantações e lembei das commodities agrícolas. Será que as fezes poderiam virar commodity algum dia? Já imaginaram a negociação? Eu começaria o texto de mercado financeiro mais ou menos assim:"A grama do cocô fechou em alta de 0,26% ontem na Bolsa de Mercadorias & Futuros".

OK, ok, vou parar por aqui...só não vale dizer que este post está uma M...

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Quero voltar para casa depois do trabalho

Toda profissão tem um pouco de corporativismo. Umas mais, outras menos. Entre os médicos, por exemplo, é praticamente impossível ouvir um falar mal de outro. Já na profissão de jornalismo, costumamos nos referir aos pares de labuta como 'coleguinhas'. Em rodas de chopp pós- fechamento das edições diárias, costumamos, sim, dar uma desevoluída espiritual e metemos o malho em vários colegas de profissão. Em compensação, somos uma classe extremamente solidária nos perrengues do dia-a-dia. Se uma fonte importante age com improbidade em relação a um repórter, a coletiva de imprensa tende a virar um motim. Boicote em celebridades que agridem fotógrafos, cinegrafistas e afins também é comum.

Ou seja, jornalista é uma classe tipicamente fraterna: entre os próprios são permitidas desavenças e alfinetadas, mas ai de quem mexer com seu semelhante.

Aí ontem a capa do jornal carioca 'O Dia' vem com aquele soco no estômago. Uma repórter, o motorista e o fotógrafo do jornal torturados por membros de uma milícia.

Primeira reação: dói 'pracaramba'. Vocês não imaginam o quanto. Ligo para os amigos que trabalham lá, querendo saber quem foi, se estão bem, etc...mas ninguém está podendo falar. Nem em celular e muito menos pelos telefones da redação.

Depois, fica aquela sensação de que ninguém está livre de passar por algo semelhante. Mesmo cobrindo economia. Sei de casos como o da colega que sofreu ameaça de um presidente de uma autarquia pública. O cidadão ocupa um cargo de confiança, foi nomeado pelo atual Governo e não gosta de que desconfiem de sua idoneidade. Ameaça velada, mas ameaça. Difícil de provar, impossível de prever. Outro colega vi ser mandado embora por simplesmente ter citado o nome de um político importante, desafeto da 'casa' onde ele trabalhava. Detalhe: o chefe havia autorizado a publicação da matéria, mas na hora de rodar, a cabeça que rolou foi do elo mais fraco.

Jornalismo é uma profissão de risco: por estarmos em busca da verdade, corremos sempre riscos. Seja o extremo de morrer ou ser torturada, passando pelos maus-tratos comuns do dia-a-dia até chegar ao risco de perder o emprego por ter falado bem ou mal de algum poderoso, ou simplesmene por ter tocado em algum nome 'proibido' naquele determinado veículo.Também o risco de a fonte dizer que não disse nada daquilo, que você distorceu tudo.

Casos como o do repórter americano que foi degolado pelo Al Qaeda, dos jornalistas fuzilados pelas ditaduras mundo afora, torturados pelas milícias e pelos traficantes de drogas mundo adentro, existem aos montes e viram lindas e tristes histórias quando tornam-se filmes ou livros. Na rotina diária dos profissionais de imprensa, porém, a realidade é árdua, infernal e muito pouco glamourosa. Mesmo quem está nos estúdios da TV, aparecendo lindo e enfeitado aos olhos de quem assiste, sabe o quanto é angustiante ter que ir para frente das câmeras, com cara de paisagem, para anunciar aquela reportagem no qual o seu colega foi ferido, assassinado ou no mínimo 'quase' aconteceu mil coisas ruins antes do material chegar na redação.

Mas nem por isso ganhamos insalubridade e nem por isso menos gente quer ser jornalista (é só ver a relação candidato-vaga das faculdades de comunicação). Temo por estar havendo uma certa ilusão. Nada contra reportagens investigativas, mas até que ponto vale à pena colocar a vida em jogo? Prêmio esso? Reconhecimento histórico? Será?

Não tenho respostas.

Só sei que tudo isso é muito triste e aí viajo, crio fantasias. O maior devaneio é pensar mesmo no jornalista super-heróis. A busca pela verdade deveria ser abençoada com a imortalidade. Deveríamos mesmo ser apenas o alter-ego de milhares de homens-de-aço que habitam os corações valentes dos bons jornalistas. Não seria ótimo se , depois que os milicianos da favela do Batan pegaram a equipe do 'O Dia', eles se transformassem em pessoas com super-poderes? No mínimo poderiam voltar voando para suas casas.

O slogan da Ordem dos Advogados do Brasil diz mais ou menos que sem advogado não há justiça e sem justiça não há democracia. Eu ousaria dizer que sem jornalista não há verdade, e sem verdade não há democracia. Doa a quem doer, por mais que falem mal da nossa classe, que digam que somos vendidos, burros, que não entendemos nada de nada, que só gostamos de aparecer...

É graça àqueles que ainda se esforçam e se arriscam que diversas verdades vieram à baila. E as outras instituições (justiça, polícia, funcionalismo público, empresários, etc..etc...) nada fizeram com ela. Aí não é nossa culpa. Nossa missão é revelar os fatos.

Hoje faz seis anos que Tim Lopes, jornalista da TV Globo, foi torturado, assassinado e teve o corpo queimado no, agora famoso, 'microondas' – pneus velhos icinerados que os traficantes utilizam para a barbárie.

Aniversário sem nada a comemorar. Apenas a lamentar mais um caso, semelhante ao que culminou com a morte de Tim.