sexta-feira, 27 de junho de 2008

O legado do Kasato-Maru

Em 18 de junho de 1908 chegava ao Brasil o primeiro navio com imigrantes japoneses. O 'Kasato-Maru' saiu de terras japonesas em 28 de abril daquele ano e quase dois meses depois chegava ao porto de Santos, para sorte da Pátria Amada, idolatrada, salve, salve!

Independente de quais sejam suas origens, independente de você gostar ou não de sushi, independente de ter visto ou não os desenhos animados (mangás) na sua infância ou de ter torcido ou não pelo Ultraman ou pelo Nacional-kid, não perca a exposição "Nippon - 100 anos de Imigração Brasil -Japão", em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, até dia 13 de julho.

Em primeiro lugar, porque é emocionante toda história de um povo que larga sua terra natal em busca de oportunidades em outros lugares, por vezes adversos. Chorei feito um bebê, logo na entrada, ao ver uma foto enorme de uma representação de Buda em pedra (mas a culpa não foi do Buda, e sim das minhas origens lusitanas que adoram verter umas lágrimas…).

Depois, na sala dedicada aos samurais, a exposição já se faz valer pelo ensinamento da cultura milenar oriental. Percorrer os quadros e os objetos ali expostos é o suficiente para arrancar da alma o princípio japonês do Intinen Sanzen - que significa a unicidade entre o meio e o homem.

A maior lição está na descrição da essência de um samurai, o mais poderoso dos guerreiros em toda história da humanidade. Para ser um samurai, conta a história japonesa, era preciso muito mais do que simplesmente saber erguer uma espada com maestria. O preparo psicológico e moral prevaleciam. Antes de receber a espada definitiva de um guerreiro samurai, eram necessários treinamento e disciplina suficientes para se absorver por completo o rígido código de conduta samurai, o chamado Bushidô, que numa tradução livre quer dizer 'Caminho do Guerreiro'.

Os sete princípios básicos do Bushidô são: justiça, coragem, compaixão, cortesia, sinceridade, honra e lealdade.

Estes princípios, previamente difundidos pela arte marcial dos samurais, impregnaram-se na cultura japonesa e praticamente foram absorvidos pelo DNA daquele povo. Isso explica, por exemplo, porque ainda é comum casos de suicídio de corruptos na Terra do Sol Nascente.

Em 100 anos de influência, o Brasil já adquiriu muita coisa interessante dos japoneses, o hábito de comer salada é só um deles.

Que leve mais 100 anos, mas que um dia os poderosos princípios seguidos pelos samiurais, que na verdade deveriam ser tão básicos para a humanidade em geral, façam parte da cultura brasileira também.

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