domingo, 8 de fevereiro de 2009

Família para quem precisa

Os humanos são os únicos mamíferos que bebem leite após a primeira infância. Outra peculiaridade desta espécie é manter a convivência com os semelhantes nascidos em um mesmo núcleo. Este hábito cultural de mantermos os laços entre pais, irmãos, tios, tias, avós, e todo mundo que tenha alguma relação co-sanguínea (não sei mais se tem hífen esta palavra) é praticamente uma obrigação.
É claro que há quem rompa com estes elos, mas seja qual for o motivo deste rompimento, a sociedade não perdoa. De uma forma ou de outra, costumamos 'condenar' quem resolveu não dirigir mais a palavra a irmãos, pai, mãe ou qualquer tipo de parente.

Conheço um número razoável de pessoas que transitam entre estados de vida pouco elevados (na verdade, uso o eufemismo 'estado de vida menos elevado' para me referir a seres humanos com desvio de caráter) e, certamente, esses humanos menos evoluídos são filhos de alguém, podem ter irmãos e até filhos. Será que eu condenaria o filho, mãe ou irmão de alguém pelo qual nutro pouca simpatia, caso viesse a saber que romperam os laços de convivência com ele? Pois é...Somos bons em julgar, nem tão bons em compreender.

Li recentemente uma matéria na revista 'Marie Claire' brasileira sobre relações tóxicas. A reportagem defendia que deveríamos escolher com quem conviver assim como nos preocupamos em escolher o que comemos, o que usamos na pele, etc..etc.. Posso afirmar que nem sempre a família é o meio mais saudável de se estar a maior parte do tempo (vide casos como de Isabela Nardoni ou do maluco austríaco que teve um pregada de filhos coma filha mais velha, escondendo-a em um porão, sob a conivência de uma mãe desnaturada). Muitas vezes, é preciso radicalizar mesmo, romper a convivência para nos libertarmos da culpa, do medo, da eterna obrigação de agradar, da crítica em excesso. E, em casos extremos como os citados nos parênteses, até para salvar a vida é preciso romper definitivamente com a família.

Cada um de nós sabe onde o calo familiar aperta. Muitas vezes, basta deixarmos de morar com parentes para dar uma aliviada. Outras vezes, é preciso dar um tempo e sumir, talvez passar uma temporada fora da cidade ou do país. Outras vezes, sentimos que é melhor arrancarmos de vez alguém de nossas vidas. Dói pacas, mas temos que parar com a mania de achar que algumas relações são sagradas.
Nada do que é sagrado pode ser tóxico.
E se nos faz mal, temos que descartar, nem que seja para ver que o problema era conosco...

Por isso, talvez, os amigos são considerados a família que a gente escolhe. Há casos muito frequentes de amizades superiores em qualidade de convivência quando comparada à família.

Você já refletiu sobre isso alguma vez ou somente eu sinto isso?

Um comentário:

No meu caminho tem... disse...

Nossa ana, parece q eu conversei com vc ontem e vc escreve isso!!!
que louco, sabe estava refletindo sobre essas relacoes e ai veem vc e despeja isso assim, na minha bancada?
Wow!! saudades e obrigada por algumas outras questoes...
te adoooroooo
odila