sábado, 27 de setembro de 2008

Carta de despedida - escrita em 29/07/2004

Obrigada por ter me recebido ontem.
Apesar do atrito por causa do celular da paulista, saí de sua casa mais calma e conformada.
Pode ler até o final sem susto. Você não sentirá pena de mim, não vai sentir-se pressionado, irritado e muito menos culpado.

Parei. Pensei. Repensei.
Olhei minhas atitudes com distanciamento e percebi que continuo errando, tentando influenciá-lo a me querer de volta quando - você tem toda razão - isso precisa partir de dentro de seu coração.
E digo mais: eu também só quero se for dessa forma.

Assim como você, saí muito machucada de nosso casamento. Com a auto-estima no ‘ralo do porão do fundo do poço’.
Precisei cair na gandaia, abrir espaço para um monte de flertes que, durante um tempo, foram preenchendo meus vazios e levantando meu astral.
Entendo mesmo o que você está vivendo agora.
É um pouco doloroso, mas aceito isso. Embora saiba do risco de você se apaixonar e começar um novo relacionamento.
Se isso acontecer saberei aceitar, pois a vida é assim.

Aqui, de minha parte, vou desenvolvendo meu auto-amor e tomando consciência daquilo que espero de um relacionamento: sentir-me amada, desejada e importante pelo meu próximo companheiro.
Precisarei sentir que o homem que escolheu ter-me ao seu lado gosta do meu cheiro, minha aparência, meu jeito de ser e até dos meus defeitos. E ele precisará demonstrar isso nas ações e eu retribuirei com todo meu amor e todas as minhas qualidades (que não são poucas! rs,rs...)
Para mim essa é a única e verdadeira forma de se viver um amor.

Minha agressividade está sob controle, ou melhor, agora descobri que eu não sou agressiva. Tratava-se de um mecanismo psicológico, absorvido do ambiente familiar, usado para me defender do mundo, por medo de me mostrar do jeito que sou verdadeiramente: amorosa, romântica e graciosa.
Em contrapartida, talvez eu seja uma mulher de batalha mesmo, que leva mais agitação e movimento do que paz à vida de uma pessoa.
Mas discordo do seu pai. Acho que existem homens que querem mulheres deste jeito.
Pois o meu movimento é sempre em prol do engrandecimento.
Creio ser inegável que, apesar de tudo, comigo você só andou pra frente.

Desta forma, aquilo que você e outros entendem como ‘paz de espírito’ eu nunca poderei oferecer.
Até porque, no meu humilde entendimento, ‘paz de espírito’, o próprio nome já diz: deve vir de dentro de nós.
Posso não ser agressiva, mas intensidade e agitação fazem parte da minha essência.

Prometo que deixarei você "respirar".
Tenho um caminho a ser seguido: conseguir um novo trabalho, continuar a viver minha vida, tentar me apaixonar novamente e ser correspondida.
Pode até ser por você...se for o nosso destino.

Entrego a partir de agora tudo ao tempo que, com sua mão apaziguadora, atenuará todo sofrimento e saberá trazer o que tiver que ser.


Simples assim

Um comentário:

@NelsonGurgel disse...

Nossa. Ainda estou chorando....