terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Esquenta

Tradicionalmente, quem mora no Rio é ligado em Carnaval. Nem que seja apenas para fazer título à cidadania carioca, é comum cada um por aqui ter uma escola de samba de coração, como se fosse um time de futebol.

Carnaval, no Rio, já rende assunto por natureza. No ano em que a festa cai nos primeros dias de fevereiro, rende mais ainda. É discussão se a data deveria ser fixa pra lá, é matérias sobre os prejuízos do comércio com os festejos do Momo muito próximos do Reveillòn pra cá. E assim caminha a rotina na Cidade Maravilhosa.

O fato é que há uma agenda de blocos a ser cumprida. Muitos destes blocos sequer saem durante o Carnaval. Também é tradição na cidade o samba correr solto nas ruas, semanas antes da folia oficial. Como não poderia deixar de ser, se o Carnaval cai na primeira semana se fevereiro, os blocos pré-carnavalescos já estão esquentando os tamborins.

Ontem estive no Teatro Odisséia, na Lapa, onde aconteceu o concurso para a escolha do samba do bloco "Imprensa que Eu Gamo", agremiação fundada por jornalistas e que conta até hoje com o prestígio da categoria. É bacana ver o sério Fernando Molica, repórter da TV Globo, em cima de um palco, defendendo o samba de sua autoria, junto com outros coleguinhas.

A criatividade imperou, como sempre, mas alguns sambinhas simplesmente não 'pegaram'. Acabou ganhando o mesmo grupo de compositores campeões do ano passado. Claudio Pereira de Souza, que já passou pela redação do Jornal do Commercio e hoje está no Globo on line faz parte do time.

Merecido o primeiro lugar. A letra é bem ao gosto do bloco - e da classe jornalística - cheia de referências e críticas aos acontecimentos mais marcantes entre um Carnaval e outro, com muito bom-humor. Além disso, o refrão é uma delícia, vai pegar fácil na rua. Parabéns à galera. O samba chama-se "Na Tropa do Imprensa, Ninguém Pede Para Sair".
Para quem vai prestigiar o desfile do bloco, nos encontramos no Mercadinho São José no dia 20, próximo domingo. Com muito orgulho, estarei entre os ritmistas, machucando o tamborim...

Segue a letra do samba campeão:

Na tropa do imprensa, ninguém pede para sair
Me acode São Sebastião
Que este bofe anda muito truculento
Hoje eu faço procissão
É Zé Pereira no lugar do Nascimento

Esse negócio de apertar o "zero um"
Virou um vício, deu manchete de jornal
Mas hoje a minha tropa é de bebum
E o Imprensa anuncia o carnaval

Minha cidade ainda é maravilhosa
Tá cheio de avião
Relaxa e goza (refrão)

Meu capitão é um “vaiado”
E o Chavinho não quer mais ficar calado
Ô, seu Renan, pára de papo
171 a gente manda para o saco

Sacudiram minha Mangueira
E o leitinho já saiu adulterado
Mas na playboy apareceu uma leiteira
E me disseram que ela veio do senado

Imprensa que eu gamo,
A caveira é uma flor
Aspira meu cangote... amor (refrão)

Um comentário:

Anônimo disse...

Pelo amor de Deus, esses versos do "leitinho" são de uma grosseria ímpar.