domingo, 17 de agosto de 2008

O bom da vida é prosseguir...

De repente um olhar de cumplicidade se cruza e vem à tona uma sensação estranha. Quem bate? É o amor. Não adianta bater, que eu não deixo você entrar... só as Casas Pernambucanas é que vão aquecer o meu lar. Na verdade, a gente tem que aprender a viver o presente e pensar no futuro, sem essa estranha mania humana de criar medos por causa de experiências passadas desastrosas. Encontrada a chave do sucesso amoroso! Mas quem a coloca no cadeado? E se ao abrir estiver lá ele ou ela, em uma roupa de dormir sensual, entoando cânticos sedutores em meio a lençóis de seda chinesa? Por que eu olho pelo vitrô da porta (alguma porta hoje em dia ainda tem vitrô?), mas não consigo enfiar a bendita chave na fechadura? A amiga do blog ao lado chamou de Commitment-phobe. Olha lá só. E tem gente com a pachorra de discordar! Ai essa gente bem resolvida que pensa entender de tudo...Na teoria, ó, é uma beleza. Vai para a prática que eu quero ver...Eu quero ver você se entregar de novo, abrir a porta, entregar o controle do portão eletrônico, avisar ao porteiro que não precisa interfonar e dar a senha de acesso às mensagens do correio de voz... E o trabalhão depois? Mudar o endereço na operadora de telefone, enfrentar o call center do cartão de crédito só para informar o novo cep ... E o nome no passaporte? Mas quem , pitombas, ainda coloca o nome do outro nos documentos!!!????...Vai lá que eu quero ver...Apresentar à mãe e ser apresentado aos irmãos e aos melhores amigos. E quando a sobrinha de três anos, que nasceu te vendo em única e constante companhia, perguntar porque está só? E quem vai brincar de furar onda na praia com ela? Não dá não...É muita coisa para um compartimento que não mede mais do que 20 centímetros e fica batendo em sincronia com todo o fluxo sanguíneo de um mísero ser humano. É muita responsabilidade para o músculo involuntário que pulsa pela Marisa e mais um monte por aí...Quero ver. Vou ficar aqui, de camarote, para ver como se anda de novo na linha depois que o trem descarrilhou. Quem se atreve? Quem nunca se atreveu! Só pode! Mas até quem nunca se atreveu não tá se atrevendo mais. E aí? O que é que eu faço agora? Já tentei ir embora, mas meu coração está preso a você. Danou-se a nega do doce! Vai lá e encara. Ai, não. A água tá fria, deixa eu me aquecer mais um pouquinho...um, dois, três, um, dois, três e ... já! Já era. Começou a chover, deixa o mergulho para outro dia, né? Quem sabe faz sol...E se não fizer nunca mais? Quando o segundo sol brilhar, vai realmente realinhar as órbitas do meu planeta? E como tem gente que realinha pela segunda, terceira, quarta, quinta vez! Êta gente incansável! Com que facilidade saem de um planetinha e entram em outro, não é não? Ai que inveja! Esse deve ser outro grande segredo: não pensa não, minha filha, quem pensa muito não vive. Vai se divertir, menina! Amanhã é outro dia e a gente nem sabe se vai estar aqui nesse mundo, aproveita! Seja leve, brinque, se abra para o superficial...Finge, pelo menos, criança! Ai, mas eu quero brincar-sério. Esse negócio de simular para ver se dá é coisa para iniciados e eu sou faixa branca...O jeito é voltar para a fechadura, ficar olhando para ela até ter coragem...e quando finalmente virar a chave, entrar e , mesmo ainda titubeante, caminhar para frente, em direção a esse desconhecido com cara de primo distante com quem a gente brincou na infância, mas agora só encontra em casamento e funeral...E quando finalmente entrar, imprescindível é bater a porta atrás de si. Porque passado é bom que fique do lado de fora...

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