sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Quero chorar, não tenho lágrimas

Uma vez ouvi de um amigo radicalmente capitalista: "No mundo há dois tipos de pessoas: as que choram e as que vendem lenços. Prefiro a segunda opção."

As Olimpíadas de Pequim fizeram a frase do amigo perdido no tempo vir à tona e não sair mais da minha mente. Não sei se é coincidência, não sei se sempre aconteceu e eu não reparava, não sei se o Pan de 2007 subiu à cabeça dos atletas e os fizeram achar que Pan e Olimpíada era a mesma coisa, não sei... mas ando bem cansada de tanto chororô.

Porque tanta choradeira diante do ouro derramado? Aliás, como disse um outro amigo, um pouquinho mais gaiato, "Chegou a hora dessa gente brozeada mostrar seu valor". É isso, gente. O Brasil é terra de gente bronzeada, tudo a ver coma cor das suadas medalhas trazidas para casa por nossos atletas...

Gracinhas sem graça à parte, não tenho a intenção de defender nenhuma tese sobre a postura do brasileiro diante da derrota. Mas tenho várias hipóteses. Começo pegando carona em uma frase do Tom Jobim "No Brasil sucesso é ofensa pessoal". Temos um certo medo de vencer. É mais confortável, talvez, causar peninha que inveja. Outra frase, de outro gênio: " O brasileiro tem complexo de vira-lata", cunhou Nelson Rodrigues ao defender a tese de que o futebol brasileiro, até 1958, entrava de gatinhos contra os adversários estrangeiros e acabava perdendo sempre para si mesmo.

A gente tem mesmo um pouco a mania de se escorar no "nada dá certo", "não somos bons o bastante", "não podemos arriscar". O próprio Diego Hipólito andou dizendo, depois da derrota, que nem deu o salto mais complexo dele...e mesmo assim, caiu sentado. Então, não seria melhor ter dado tudo de si? Talvez o Cesar Cielo tenha ganho por ter passado bom tempo nos Estados Unidos e agora já sabe que antes de vencer, é preciso acreditar na vitória, projetar até.

Hoje escutei de um economista, em um congresso voltado para o mercado financeiro, que a diferença entre o economista brasileiro e o americano é que o primeiro prevê sempre uma crise pior do que a instaurada, mesmo que os números digam ao contrário, enquanto o segundo sempre projeta que tudo passará rápido e voltará ao normal, mesmo que a recessão já esteja estabelecida.

Para chegar ao primeiro mundo de verdade, seja no esporte ou na economia, a gente precisa aprender a ser um pouco mais otimista, a entender nossas potencialidades sem ufanismo exagerado, mas também sem complexo de inferioridade.

Um pouco mais de equilíbrio poderia ser uma antídoto contra tanta coisa bizarra que acontece com brasileiros por aí. Lembram de 2004? Quase teve ouro para o Brasil na maratona, mas ficou no quase, por causa de um padre irlandês maluco, que invadiu a corrida e empurrou o brasileiro. Agora a vara da atleta some... E enquanto escrevo este post, lá vai o Btasil rumo a mais uma amarelada: 9 x 1 no primeiro set da final do vôlei de pria masculino, ai, ai... tomara eu pague pela língua...

Mas não é só no esporte , não: a polícia inglesa confunde um cidadão de bem com terrorista, mete três balas nas costas do cara e adivinha qual é a nacionalidade da criatura? Os amigos estão passeando por um zoólogico na Califórnia, um tigre foge da jaula, ataca um visitante...sabe de onde o 'sortudo' engolido pela fera nasceu? O avião da Spanair saía de Madri rumo As Ilhas Canárias....adivinha de onde era um dos passageiros a bordo?

Tá na hora dessa gente bronzeada parar de chorar e tomar um banho de sal grosso...

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