quinta-feira, 3 de abril de 2008

Para não dizer que não falei das flores

Sempre adorei o título da canção composta por Geraldo Vandré, que virou o hino de resistência à ditadura militar, instaurada no Brasil em 31 de março de 1964 e que durou 20 anos.
Faço aniversário em 31 de março e sempre lembro do meu pai brincando comigo que eu nasci no dia da "redentora",- em tom de deboche, claro - o que justificaria o meu jeito, digamos, mandão.
As comemorações de aniversário e a pane no meu computador (Ok, ok, estou precisando de um novo. Aceito presentes)me afastaram alguns dias deste blog.
Retornei hoje apenas para dizer que eu gostaria que o caso da morte da menina Isabella Oliveira Nardoni fosse apenas um episódio do seriado americano C.S.I ou do Law & Order(Special Victms Unit), transmitidos no Brasil pelos canais Universal e Sony da TV a cabo.

Mas já que trata-se da mais dura realidade, nua e crua, gostaria que o empenho da polícia investigativa brasileira fosse pelo menos 10% do que a gente vê na ficção.
Não sei quem a matou. Paro, penso e repenso que, se for o pai ou a madrasta, o mundo está mesmo perdido.
E se não for, a ira e as acusações infundadas da opinião pública só servirão para criar um sentimento de revolta ainda maior em um pai entorpecido pela dor.

Sei que tudo está muito mal-contado. Mas pelo menos nos seriados, nem sempre a realidade apresentada corresponde à verdade suposta.

Torço para que o mistério seja desvendado e se faça justiça.

Choro pela vida da Isabella e pela de tantas crianças que sofrem maus-tratos pelo mundo, sem nenhuma chance de defesa, especialmente quando os algozes são os que deveriam lhes dar proteção.

Paro por aqui por causa do nó na garganta.Em minha vida inteira de repórter, sempre tive dificuldade de cobrir sofrimento de criança. Lembro-me de uma matéria que fiz no Hospital Jesus, de Vila Isabel, especializado em tratamento de crianças com câncer. Um menininho sem cabelo, todo entubado, correspondeu ao meu olhar e eu brinquei com ele. Ele riu e me deu uma florzinha que tinha na mão. Corri para o banheiro e chorei feito um bebê.

Crianças me causam emoção. Porque quando olho para elas, sempre imagino os adultos em potencial, em como podem ser transformadas em boas pessoas se forem cultivadas na base da harmonia,do cuidado, do carinho e do amor.

São como flores em botão, prontas para desabrochar em frondosos seres-humanos.

Aos que as cortam pelo caule, seja imposta a justiça dos homens.

Um comentário:

Lucianne Carneiro disse...

Oi Ana
A morte da Isabela tem me levado às lágrimas a cada nova notícia. Concordo com todas as suas palavras.
bjs